Em março, na última semana de futebol europeu, o avião da Roma que iria aterrar em Sevilha para a primeira mão dos oitavos de final da Liga Europa já não descolou. A possibilidade de a partida acontecer à porta fechada, como aconteceu com todos os encontros logo nessa altura, foi descartada quando o avião não teve sequer autorização para aterrar em Espanha. Cinco meses depois, ainda durante o combate a uma pandemia, depois de tanto a liga italiana com a espanhola terem terminado há pouco tempo e na sequência de uma retoma em versão bolso, Sevilha e Roma disputavam finalmente a vaga na fase seguinte da Liga Europa.

Na MSV-Arena, em Duisburg, as duas equipas decidiam apenas num jogo aquilo que em março teria ficado fechado a duas mãos — assim como aconteceu com o Inter e o Getafe, esta quarta-feira, com os italianos a saírem vencedores. A equipa de Paulo Fonseca, uma das melhores da retoma da Serie A, vinha de quatro vitórias consecutivas e num momento de forma assinalável para uma temporada atípica, o que originava uma ligeira confiança por parte dos giallorossi. Até porque, segundo o treinador português, todos os jogadores tinham noção da importância do embate com o Sevilha.

“Estamos num bom momento de forma mas sabemos que vamos defrontar uma equipa muito complicada. Eu não preciso de motivar ninguém, porque os jogadores sabem que isto é importante e estão preparados. Vai ser uma eliminatória diferente, já que é a uma mão, mas não podemos perder a ambição de vencer”, garantiu Paulo Fonseca na antevisão, acrescentando depois que vai contar com Zaniolo, jovem médio que se lesionou gravemente ainda antes da interrupção devido à pandemia, e lamentando o facto de já não ter Smalling, que terminou o empréstimo do Manchester United.

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Tudo isto numa semana em que os adeptos da Roma ficaram a saber que o clube terá novos donos. Em comunicado, o clube italiano anunciou que o atual proprietário, James Pallotta, chegou a acordo com o também norte-americano Dan Friedkin para a venda da Roma por 591 milhões de euros. Friedkin, um empresário do Texas, tem negócios na área da hotelaria e da venda automóvel e uma fortuna avaliada em 3,6 mil milhões de euros, substituindo agora Pallotta, que estava à frente dos italianos desde 2012.

Do outro lado, do lado do Sevilha, estava uma equipa liderada por Julen Lopetegui que pretendia manter a tradição de ser um dos emblemas a ter em conta na Liga Europa, onde é recordista de vitórias, com cinco conquistas (2006, 2007, 2014, 2015 e 2016). Confirmado o quarto lugar da liga espanhola que dá acesso à Liga dos Campeões, com mais 10 pontos do que o quinto classificado Villarreal, a intenção dos jogadores era agora continuar a dar alegrias aos adeptos. “Vencer a Liga Europa? Visualizo e sonho. Não só por nós, mas por todos os adeptos do Sevilha, porque foi um ano complicado devido à pandemia. Assim seriam mais felizes e que esqueçam por um momento todo o que tem passado. Quando se fala da Liga Europa tem de se falar do Sevilha. Esta competição colocou o clube a um nível europeu. Acredito que ninguém quer medir forças connosco. Dizem ‘cuidado que é o Sevilha'”, explicou o ex-FC Porto Óliver Torres na conferência de imprensa de antevisão.

Os espanhóis, onde Óliver, Munir e Luuk de Jong foram suplentes, tiveram as primeiras oportunidades do jogo, com Ocampos a obrigar Pau López a uma boa defesa depois de um remate de pé direito (7′) e o central Koundé a acertar na barra na sequência de um cruzamento de Banega (12’). Em clara superioridade, o Sevilha abriu o marcador por intermédio de um grande golo de Reguilón: o jogador emprestado pelo Real Madrid recebeu na esquerda depois de uma abertura a partir do lado contrário, avançou sozinho, aguentou as investidas dos adversários e atirou rasteiro (21′). A Roma respondeu com uma ocasião de Zaniolo, que atirou na insistência mas viu a bola desviada por Koundé (35′), mas a verdade é que foram os espanhóis a aumentar a vantagem ainda antes do intervalo. Pau López defendeu um primeiro remate de Ocampos, que apareceu isolado na direita, e En-Nesyri apareceu a desviar para a baliza deserta (44′).

No início da segunda parte, a Roma teria de fazer muito mais para evitar a eliminação — a equipa de Paulo Fonseca estava apática, numa palavra que era até um eufemismo, e era necessária uma reação imediata nos segundos 45 minutos. Os italianos tiveram a primeira oportunidade do segundo tempo, através de um remate de Mkhitaryan ao lado (51′), e o treinador português reagiu a uma fase mais positiva da equipa com as entradas de Pellegrini e Carles Pérez. O primeiro ainda teve uma boa ocasião para reduzir a desvantagem, com um remate que passou ao lado (70′), mas foi o Sevilha que voltou a colocar a bola no interior da baliza adversária, ainda que o lance tenha sido anulado por fora de jogo de Koundé.

Até ao final, o resultado não voltou a alterar-se e Mancini ainda foi expulso nos descontos. A Roma vinha de um bom momento de forma e com expectativas altas mas mostrou sempre pouco para quem queria chegar a uma fase final de uma competição europeia. Do outro lado, o Sevilha não deixou esquecer que é o recordista de vitórias na Liga Europa e acabou por ser um grande golo de Reguilón a dar o tónico para a vitória decisiva. Os espanhóis ficam agora à espera de saber quem, entre Olympiacos e Wolverhampton, é o adversário da próxima fase.