António e Manuel Magalhães são irmãos e nasceram numa família ligada à indústria têxtil. Entre Vizela e Moreira de Cónegos, onde os seus antepassados foram proprietários de empresas dedicadas à tecelagem, cresceram no meio de tecidos e de máquinas. Um acabou por seguir advocacia, o outro gestão, e juntos tiveram vários negócios relacionados com o mobiliário. Em 2013 surgiu a ideia de criarem uma marca própria.

“Pretendíamos lançar uma marca e não uma empresa de produção. Para nós era fácil arranjar fornecedores, tínhamos um contacto privilegiado com a indústria e, então, decidimos arriscar”, conta António Magalhães em entrevista ao Observador.

O nome da marca tem uma história de família

Trabalhar para o público masculino foi uma necessidade e não propriamente uma estratégia. “Não identificávamos qualquer lacuna no mercado, avançamos com o que fazia sentido para nós, com aquilo que usaríamos enquanto clientes”, recorda António, acrescentando que em 2014 apresentaram a primeira coleção da Portuguese Flannel, com 42 camisas de inverno.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Responsáveis pela escolha do design, materiais e padrões, a dupla começou por mostrar a sua oferta pelas feiras de moda em Londres, Berlim, Copenhaga, Paris e Nova Iorque, conquistando, assim, o mercado internacional. “Nestes sete anos vendemos essencialmente lá fora, temos pouca expressão em Portugal.”

Estação após estação, a marca foi-se aventurando em novos produtos e aumentado o número de peças em cada coleção. Das camisas de manga curta e comprida, passaram para as calças e mais tarde para as overshirts, ou seja, peças mais robustas e de exterior. “Trabalhamos com todo o tipo de materiais, no inverno temos uma base de flanelas e lãs, já no verão apostamos mais em algodões, gangas e linhos.”

As fibras biodegradáveis e recicláveis, os botões ecológicos e as embalagens sem plástico marcam a preocupação sustentável da Portuguese Flannel, cuja inspiração é quase sempre o passado. “Ao longo dos últimos anos, as peças de homem foram tornando-se cada vez mais básicas e simples, sendo que as de mulher não. Usamos muitas vezes tecidos de roupas femininas e ajustamo-los para fazer peças de homem.”

11 fotos

Sem pretensões de marcar a diferença, seguir tendências ou atingir um determinado público alvo, a Portuguese Flannel é feita a pensar nos homens, embora também seja capaz de agradar o sexo oposto. “Acho que a marca não traz nada de diferente, não consigo identificar o nosso público, vejo pelas encomendas online que muitas mulheres também compram e usam a nossa roupa”, explica António Magalhães.

O nome da marca tem tanto de limitativo como de emocional. “É uma expressão que ouvimos muito durante a nossa infância. O nosso pai era proprietário da empresa Têxtil Vizela, especialista em flanelas, e recebia e visitava muitos clientes, da Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos. Eles referiam-se à empresa como Portuguese Flannel.” O facto de se referir apenas à flanela, é algo que preocupa os irmãos Magalhães, que admitem ser algo bastante limitativo. “É um nome pessoal, completamente anti estratégia e altamente limitativo, mas neste caso, a emoção falou mais alto.”

4 fotos

Dedicados à marca a 100%, Manuel e António têm nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Ásia e Europa os seus principais clientes. A oportunidade de abrir uma loja física em território nacional surgiu por acaso. “Estava a passar aqui na rua, espreitei, disse ao meu irmão para vir cá ver e ficamos o espaço”, conta António.

A loja ocupa a esquina que liga a Travessa de Cedofeita e a Rua das Oliveiras e era uma antiga tabacaria, agora recuperada. Atualmente chama a atenção pelas paredes em pedra, a decoração minimalista em madeira e tons verde garrafa, os candeeiros suspensos, o sofá chesterfield e a banda sonora que varia entre o country e a música popular brasileira. Os preços começam nos 70€ e vão até aos 400€.

Largo Alberto Pimentel, 1. Porto. Segunda a domingo, das 11h às 13h e das 14h às 19h.