*Em atualização

Depois do melhor resultado de sempre no MotoGP, com um sexto lugar no Grande Prémio da Rep. Checa após ter saído da 13.ª posição da grelha, Miguel Oliveira não coloca pé no travão e já se encontra a preparar a corrida do próximo domingo, na Áustria, onde no ano de estreia na principal categoria do motociclismo conseguiu então o seu melhor resultado (oitavo lugar). Ainda a transpirar e visivelmente cansado dos treinos, o piloto português foi dos primeiros a comentar o regresso da modalidade a Portugal, naquilo que considerou ser “um sonho tornado realidade” e que, em junho, em entrevista ao Observador, tinha considerado ser uma missão quase impossível.

“Estou nas nuvens. Corri lá dois anos, no Campeonato do Mundo, um ano em 125cc e outro em Moto3, e é um sítio super especial, ainda para mais sendo o único português a correr no Mundial, agora no MotoGP. É um sentimento especial voltar e correr no meu país. Estou ansioso por esse momento, ainda por cima sendo a última corrida do Mundial é inacreditável porque podemos ir e dar tudo em frente aos nossos fãs. Esperemos que as coisas continuem a correr bem, que continuemos a preparar com força a temporada e chegar à última corrida para conseguir um bom resultado”, começou por referir, em declarações ao MotoGP.

“Para ser sincero, é uma das pistas que mais desafios coloca em todo o mundo, na minha opinião. Muitos cantos cegos, muitos pontos complicados para perceber qual é a melhor linha para seguir e penso que vai ser interessante perceber o feedback de toda a gente e como as motos de MotoGP se conseguem adaptar à pista. Para nós acho que não vai trazer problemas, vai ser muito divertido e para mim é sempre um prazer correr lá, tenho um sentimento especial com toda a gente de lá. Vai ser especial correr em Portugal e em Portimão”, acrescentou.

“Tenho memórias muito boas de Portugal mas do Estoril, que era também um circuito muito interessante. Estou muito curioso para correr em Portimão porque o MotoGP nunca esteve lá, é uma pista incrível, como se fosse uma montanha-russa e ao nível de Phillip Island [Grande Prémio da Austrália], com pontos complicados. Será um grande desafio e vou tentar ser forte lá”, comentou Valentino Rossi, Il Dottore que continua a atrair uma legião de fãs (quando há público nas bancadas) e que ganhou cinco vezes no Estoril a principal categoria.

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João Paulo Rebelo, secretário de Estado do Desporto e da Juventude, considera que esta prova merece ser acompanhada por público. “A Champions League está a começar, vamos de a Fórmula 1, vamos ter o moto GP”, disse com entusiasmo e adiantou que os atletas “merecem público”. “O desporto tem mostrado que é possível retomar a atividade com comportamentos responsáveis”, referiu. “É nisso que temos estado muito focados” a trabalhar, isto “sem colocar em causa a nossa saúde, a saúde pública”, afirmou.

“Estou muito orgulhoso no regresso do MotoGP ao meu país oito anos depois do último Grande Prémio, que foi no circuito do Estoril em maio de 2012. Gostava de agradecer de forma calorosa à Dorna, ao Autódromo Internacional do Algarve e à Federação Portuguesa de Motociclismo por conseguirem reunir as condições para organizarem a última prova do Mundial de 2020”, comentou ao site oficial Jorge Viegas, presidente da FIM. “É um grande feito para a nossa equipa trazer finalmente uma corrida de MotoGP. Foi um longo processo com a Dorna, temos um acordo desde 2017 e finalmente o trabalho árduo deu frutos. Estamos a trabalhar para ter fãs na corrida e começaremos com uma capacidade de 30.000. Depois decidiremos o resto com as autoridades sanitárias e com a Dorna. Não conseguimos descrever a nossa alegra”, salientou Paulo Pinheiro, CEO do Autódromo.

Na apresentação oficial, Paulo Pinheiro foi mais longe e nem os valores de uma corrida da Fórmula 1 (40 milhões de dólares) e de MotoGP (pelo menos dez milhões de dólares) apagam o sonho de poder manter ambas para 2021. “Toda a nossa equipa – e aqui incluo também Turismo de Portugal, Turismo do Algarve, câmaras e outras entidades – terá de fazer uma grande corrida para que seja impossível dizer que não a Portimão. O nosso objetivo é, para o ano, termos F1 e MotoGP. E normalmente, quando a gente quer uma coisa a gente consegue. São valores elevados mas o Autódromo e o país têm prós que poderão permitir negociações em condições que os outros países não conseguem”, disse, antes de nomear a qualidade da pista, o clima ou a resposta à Covid-19. “Tudo isto dá-nos um peso que outros países não têm. Nós temos feito um bom trabalho de casa e, como consequência, estamos agora finalmente a colher esses frutos. Temos de responder ao desafio com um bom nível organizativo, de agarrar nisto com as duas mãos e trabalhar, trabalhar, trabalhar”, frisou o CEO do Autódromo.

“Isto é a tempestade perfeita, temos aqui todos os condimentos e isso, de facto, só se consegue com muito trabalho. Paulo, tens de ser uma pessoa feliz e perfeitamente realizada, porque conseguiste a dobradinha. Não é fácil ter MotoGP e F1″, destacou Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão, antes de deixar também uma palavra a Jorge Viegas: “Sendo algarvio, será a primeira pessoa a fazer tudo o que for possível para a prova voltar. Podemos contar consigo para que no próximo ano possamos estar a viver um momento idêntico a este”.

“Estas são excelentes notícias para o Algarve. Depois do Mundial de Superbike, que se realizou neste último fim de semana, a região irá ainda receber, até ao final do ano, mais três competições desportivas de topo, pelo que não podemos estar mais orgulhosos. Estas decisões vêm reconhecer e validar o enorme esforço que todos os agentes da região, em conjunto com as autoridades nacionais, têm vindo a fazer para voltar a posicionar o Algarve como um destino seguro junto da opinião pública. O grau de exigência por parte da organização deste tipo de eventos é, como todos sabemos, elevadíssimo, pelo que esta é uma enorme prova de confiança em relação à capacidade de resposta do destino, não só no que diz respeito à pandemia, mas a todos os níveis”, declarou também João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve, após o anúncio da corrida de MotoGP a 22 de novembro.

“Saber ainda que poderemos ver no Algarve, num circuito que ele bem conhece, a exibição do Miguel Oliveira, que está a fazer um percurso extraordinário nesta modalidade é, sem dúvida, um motivo de orgulho adicional e acreditamos que ele terá também um papel preponderante na promoção do nosso destino. Para além do circuito do Algarve ser aclamado por todos os praticantes e amantes do motociclismo, pelas suas características técnicas, este será o palco que irá acolher a última prova do campeonato deste ano e que poderá vir a ditar o futuro campeão de MotoGP, o que traz para este evento uma emoção acrescida”, completou o responsável.