Depois de o Conselho Europeu ter decidido aplicar sanções aos responsáveis do que diz ser uma “fraude eleitoral” na Bielorrússia, o presidente do país, Alexander Lukashenko, deu ordens às autoridades policiais para prenderem os organizadores dos protestos contra o regime que há dez dias enchem as ruas da capital, Minsk.

De acordo com o El País, Lukashenko disse ao conselho de segurança da Bielorrússia que a “desordem” em Minsk deverá chegar ao fim e deu ordens à polícia para reprimir os protestos. “As pessoas estão cansadas. Exigem paz e sossego”, afirmou, acrescentando que ordenou um reforço do controlo nas fronteiras para evitar a entrada de “tropas e armas”.

UE solidária com povo bielorrusso vai adotar sanções contra figuras do regime

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Alexander Lukashenko, que está no poder há 26 anos, também pediu aos serviços secretos do país para identificarem os “canais de financiamento” dos protestos. E avisou os trabalhadores de meios de comunicação social públicos em greve que serão despedidos.

O endurecimento do discurso do presidente bielorrusso acontece depois de os líderes europeus terem aumentado a pressão sobre Lukashenko, ao anunciarem sanções contra os responsáveis pela “fraude” nas eleições presidenciais e pela violência.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, deixou claro esta quarta-feira que não reconhece o resultado das eleições do passado dia 9 de agosto, por não terem sido “nem livres, nem justas“. No final de uma cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da UE, Charles Michel disse, em Bruxelas, que a mensagem “muito forte e unida” dos 27 para Minsk é “muito clara: a UE está solidária com o povo na Bielorrússia e não aceita a impunidade”. Por isso, anunciou, vai adotar “em breve” sanções contra “um número substancial de indivíduos responsáveis pela violência, repressão e fraude eleitoral”.

Cinco perguntas e respostas para entender o que se passa na Bielorrússia — e a razão do nervosismo de Lukashenko

“Estas eleições não foram nem livres nem justas. Não reconhecemos os resultados apresentados pelas autoridades bielorrussas. O povo da Bielorrússia merece melhor”, sublinhou Charles Michel.

Os protestos na Bielorrússia foram desencadeados após as eleições de 9 de agosto que, segundo os resultados oficiais, reconduziram o presidente Alexander Lukashenko para um sexto mandato, com 80% dos votos. A oposição denunciou a eleição como fraudulenta. Milhares de bielorrussos têm saído às ruas desde então, por todo o país, para exigir o afastamento de Lukashenko. E a candidata da oposição, Svetlana Tikhanovskaya, está refugiada na Lituânia de onde tem enviado mensagens de incentivo aos protestos.