A União Europeia está solidária com o povo da Bielorrússia e vai apoiá-lo, ao mesmo tempo que sancionará os responsáveis pela fraude nas eleições presidenciais e pela violência, pois “não aceita impunidade”, afirmou o presidente do Conselho Europeu.

No final de uma cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da UE realizada por videoconferência, o presidente do Conselho, Charles Michel, disse em conferência de imprensa em Bruxelas que a mensagem “muito forte e unida” dos 27 para Minsk é “muito clara: a UE está solidária com o povo na Bielorrússia e não aceita a impunidade”, pelo que vai adotar “em breve” sanções contra “um número substancial de indivíduos responsáveis pela violência, repressão e fraude eleitoral”.

“Estas eleições não foram nem livres nem justas. Não reconhecemos os resultados apresentados pelas autoridades bielorrussas. O povo da Bielorrússia merece melhor”, declarou Charles Michel, que insistiu na necessidade de ser lançado um “diálogo nacional inclusivo” com vista a uma solução pacífica e democrática para a transição de poder.

Questionado sobre a sua conversa telefónica na terça-feira com o Presidente russo, Vladimir Putin, o presidente do Conselho Europeu indicou que lhe transmitiu “a convicção europeia de que é importante um diálogo nacional inclusivo” imune a “interferências externas negativas”.

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Grupo de Visegrado pede solução política

O Grupo de Visegrado — Polónia, Hungria, República Checa e Eslováquia — apelou esta quarta-feira para uma solução política para a crise na Bielorrússia, com respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais e sem violência contra manifestantes pacíficos.

Numa declaração divulgada pela presidência polaca, os quatro países, que participam no Conselho Europeu extraordinário a decorrer em Bruxelas, instam por outro lado “atores estrangeiros a abster-se de ações que prejudiquem a independência e soberania da Bielorrússia”.

No texto, os chefes de Estado dos quatro países manifestam “profunda preocupação” com as eleições presidenciais de 9 de agosto, apontando que “o resultado não foi reconhecido pela sociedade bielorrussa”, cujas “justificadas aspirações” reconhecem.

“Com o objetivo de uma resolução pacífica e legítima da atual crise”, os quatro presidentes, que manifestam “profunda preocupação”, “apelam às autoridades da República da Bielorrússia para abrirem caminho a uma solução política e para respeitarem os direitos humanos e liberdades fundamentais, abstendo-se do uso de violência contra manifestantes pacíficos”.

A declaração expressa ainda apoio ao “direito do povo bielorrusso a eleições presidenciais livres, justas e democráticas” e saúda a realização do Conselho Europeu para “tomar todas as medidas necessárias”.

Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia reuniram-se esta quarta-feira em cimeira por videoconferência, reunião que prosseguia ao final da manhã, para discutir a resposta à crise que se vive na Bielorrússia na sequência das eleições presidenciais, cujos resultados rejeitam.

“A nossa mensagem é clara. A violência tem de parar e um diálogo pacífico e inclusivo tem de ser lançado. A liderança da Bielorrússia tem de refletir a vontade do povo”, escreveu o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, no Twitter, minutos antes de se iniciar a cimeira.

A reunião de líderes dos 27 realiza-se depois de os chefes de diplomacia da UE terem decidido, na sexta-feira, desencadear novas sanções contra os responsáveis pela repressão violenta das manifestações que contestam a recondução de Alexander Lukashenko e pela “falsificação” do ato eleitoral.

Segundo fontes europeias, os recentes desenvolvimentos justificam que a situação seja discutida ao nível dos chefes de Estado e de Governo, que deverão “enviar uma importante mensagem de solidariedade ao povo da Bielorrússia”.

A crise na Bielorrússia foi desencadeada após as eleições de 9 de agosto, que segundo os resultados oficiais reconduziu o presidente Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, para um sexto mandato, com 80% dos votos.

A oposição denuncia a eleição como fraudulenta e milhares de bielorrussos saíram às ruas por todo o país para exigir o afastamento de Lukashenko.

Os protestos têm sido duramente reprimidos pelas forças de segurança, com quase 7.000 pessoas detidas, dezenas de feridos e pelo menos três mortos. A candidata da oposição à presidência, Svetlana Tikhanovskaya, refugiada na Lituânia, apelou esta quarta-feira à UE para não reconhecer o resultado das eleições.

“Peço que não reconheçam estas eleições fraudulentas. Lukashenko perdeu toda a legitimidade aos olhos da nossa nação e do mundo”, disse Tikhanovskaya em inglês num vídeo publicado no YouTube.