A Prisa anunciou esta sexta-feira a realização de acordos com uma pluralidade de investidores para vender a totalidade da sua participação na sociedade que controla a Media Capital, dona da TVI, num comunicado enviado ao supervisor da bolsa espanhola. Os acordos “independentes” abrangem a alienação de toda a participação do grupo espanhol de 64,5% e foram negociados com o parceiro minoritário, a Pluris de Mário Ferreira que ficará o maior acionista com 30,22% do capital da dona da TVI.

A empresa espanhola dona do El País não identifica quem são os investidores, sendo já conhecida a intenção de Cristina Ferreira assumir uma posição no capital. De acordo com os jornais Expresso e Eco, os cantores Tony Carreira e Pedro Abrunhosa, também estão entre os novos investidores, assim como o filho do empresário dono da Lusiaves, a família Serrenho, que controla as tintas CIN, o proprietário do grupo têxtil Polopiqué e o grupo International Business Group.

Os investidores que adquirirem mais de 2% do capital têm um prazo legal para comunicar as participações qualificadas ao mercado.

Prisa tem parecer de Mota Pinto a afastar OPA

A Media Capital informa ainda que a Prisa tem um entendimento, sustentado no parecer do jurista Paulo Mota Pinto, de que a mudança da estrutura acionista não obrigará a lançar uma oferta pública de aquisição (OPA), uma vez que desta transação não resultara “qualquer influência dominante em substituição do controlo da Prisa”.

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A Comissão de Mercado de Valores Mobiliários está ainda a analisar se a entrada de Mário Ferreira com mais de 30% do capital em maio poderá obrigar ao lançamento de uma oferta pública de aquisição sobre a Media Capital. “A aferição pela CMVM da potencial existência de concertação entre a Prisa e a Pluris prosseguirá, não sendo afetada pela futura e eventual (porque sujeita ainda a apreciação em Assembleia Geral da Prisa) alienação da participação detida ainda pela Prisa no capital da Grupo Media Capital”, esclareceu ao Observador fonte oficial do supervisor. Entretanto a Prisa e a Pluris comunicaram que o acordo parassocial assinado entre as duas partes foi revogado, com efeitos imediatos.

Nos termos agora anunciados, a posição de controlo que a Prisa tem na Media Capital será vendida de forma dispersa junto de vários investidores. O comunicado inicial enviado em Espanha explicita que a Pluris do dono da Douro Azul deu o seu acordo às transações agora anunciadas, mas não clarifica se Mário Ferreira terá algum acordo parassocial com estes novos acionistas para a gestão da Media Capital. A execução dos acordos de venda depende ainda autorização dos credores financeiros da empresa espanhola e dos reguladores.

A venda dos 64,5% será realizada por 36,8 milhões de euros e assenta num valor de empresa de 150 milhões de euros (incluindo a dívida da Media Capital), o que representa um prémio de 63% face ao preço oferecido pela Cofina, refere a Prisa. Apesar disso, a empresa espanhola diz que a operação implica o registo de perdas de 48,5 milhões de euros nas contas.

Em cima da mesa está já uma OPA lançada pela Cofina a um preço mais baixo do que o agora obtido pela Prisa junto destes investidores. Por transacionar estão cerca de 5% da Media Capital.

Cristina regressa à TVI como acionista. SIC exige 4 milhões por “decisão abrupta e unilateral”

Esta oferta não impede a mudança de acionistas na Media Capital agora anunciada. “O procedimento de análise pela CMVM da OPA anunciada pela Cofina seguirá os seus termos, dado não estar sujeita a qualquer condição quanto à manutenção da participação pela Prisa no capital do Grupo Media Capital. No presente, aguarda-se a determinação da contrapartida mínima por auditor independente”, acrescenta fonte da CMVM.