O Presidente da República disse esta quarta-feira que o défice de 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre deste ano, em contas nacionais, é um “mau resultado”, mas “menos mau do que as previsões mais pessimistas”.

O que eu diria é que nós já sabíamos que ia ser um mau resultado, um mau número relativamente ao défice, apesar de tudo é menos mau do que as previsões mais pessimistas que foram feitas em relação ao primeiro semestre. Vamos ver o que se passa com o segundo semestre”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

O Chefe de Estado falava aos jornalistas à saída de uma visita aos Clérigos, no Porto, onde foi o visitante número cinco milhões.

Reforçando que os números ficam “aquém das piores previsões”, o Presidente da República lembrou que houve uma paragem de boa parte da atividade económica, logo menos receitas, mas muitas mais despesas, nomeadamente sociais.

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Previa-se para o primeiro semestre um valor superior àquele que fica aquém de 6%, portanto, é na base disso que o Governo aponta para cerca de 7% no ano”, reforçou.

Acrescentando que o resultado do final do ano vai depender do último trimestre que é “muito importante”, vincou.

O défice situou-se em 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre deste ano, em contas nacionais, acima dos -1,2% registados no período homólogo de 2019, divulgou o Instituto Nacional de Estatística (INE).

“Tomando o conjunto do primeiro semestre de cada ano, o saldo das AP [Administrações Públicas] passou de -1,2% do PIB em 2019 para -5,4% em 2020”, informa o INE nas Contas Nacionais Trimestrais por Setor Institucional.

Segundo refere, “este agravamento significativo verifica-se tanto em contabilidade nacional [de -1.221,8 milhões de euros no primeiro semestre de 2019 para -5.240,3 milhões de euros no mesmo período de 2020] como em contabilidade pública [de -807,8 para -6.965,6 milhões de euros]”.

O natural é que orçamento seja viabilizado à esquerda

O Presidente da República considerou esta quarta-feira “natural” que o Orçamento de Estado para 2021 seja viabilizado à esquerda, nomeadamente pelos “parceiros” que aprovaram na última legislatura sucessivos orçamentos, e não por uma solução de bloco central.

Aquilo que é desejável é que haja orçamento, é mesmo muito importante, e penso que o que é natural é que seja viabilizado à esquerda e não por outra solução, até porque, como sabem a minha posição em matéria de bloco central é de considerar que o bloco central não é uma solução duradoura, nem é uma boa solução para o equilíbrio do sistema político português”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

Para o equilíbrio do sistema político português é bom que haja uma solução de esquerda e uma alternativa de direita para evitar radicalismos e extremismos, frisou. O Chefe de Estado referiu ainda que o que é bom no sistema político é a noção de que se uma solução conhecer dificuldades há uma outra alternativa.

Por isso, Marcelo Rebelo de Sousa entendeu que o “natural” é o documento “passar à esquerda” e ser viabilizado pelos “parceiros” que aprovaram na última legislatura sucessivos orçamentos.

É isso que é natural, é isso que o Governo tem dito, é isso que resulta também do líder da oposição, portanto, espero que isso aconteça e tenhamos orçamento para entrar em vigor a partir de 01 de janeiro de 2021”, sublinhou.

O Presidente da República insistiu que para Portugal é “muito importante” que o Orçamento de Estado não conheça, no momento da votação final global, e desde logo na generalidade, uma “inviabilidade” porque “tem de passar”.