O secretário de Defesa, Mark Esper, demitido esta segunda-feira por Donald Trump, vai ser recordado por se ter oposto à pretensão do Presidente em utilizar o Exército na repressão dos protestos contra a brutalidade policial nos últimos meses.

Através de uma mensagem na rede social Twitter, Trump anunciou a destituição de Esper e a sua substituição interina pelo diretor do Centro Nacional de Contraterrorismo, Christopher C. Miller.

Trump ameaçou repetidamente enviar todo o tipo de forças, incluindo militares, para reprimir aqueles protestos, cujas manifestações em alguns casos foram acompanhadas de violência e saques, o que levou Esper a anunciar a sua oposição a tal ideia, durante uma conferência de imprensa no Pentágono. Esta atitude de Esper provocou a fúria de Trump, que o quis demitir imediatamente.

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Formado na academia militar de West Point e com experiência no Governo e no setor privado, Esper chegou ao Pentágono em julho de 2019, em substituição de James Mattis, depois de este ter saído do cargo por desacordo com o plano de Trump de retirar as tropas norte-americanas da Síria.

Nascido em 1964, Esper graduou-se em Ciências, aos 23 anos, seguindo-se a incorporação no exército como oficial de Infantaria, o que o levou a participar na primeira guerra do Golfo. As suas ações na frente de combate levaram a que fosse condecorado com uma Estrela de Bronze e uma Legião de Mérito.

De regresso aos EUA, enquanto se manteve nas fileiras militares, concluiu um mestrado em Administração Pública, na Universidade de Harvard. Ao fim de 10 anos nas forças armadas, decidiu sair e começou a trabalhar para a Heritage Foundation, um centro de reflexão conservador muito influente em Washington.

Daqui seguiu para a esfera pública, na comissão de Relações Internacionais do Senado e, entre 2001 e 2002, foi diretor de Políticas Públicas da comissão das Forças Armadas da Câmara dos Representantes. Neste ano, o presidente George W. Bush convidou-o para o Pentágono, como subsecretário da Defesa, o que lhe permitiu trabalhar em assuntos relacionados com controlo de armas, segurança internacional e não proliferação nuclear.

Depois da sua passagem pela Defesa, regressou ao setor privado, onde trabalhou na Associação de Indústrias Aeroespaciais e na Raytheon, um dos principais fornecedores do Pentágono. Em 2017 saiu da Raytheon para regressar ao Pentágono, como secretário do Exército, onde geriu os recursos e a preparação dos 1,4 milhões de soldados que integram este ramo das forças armadas.

Converteu-se numa das caras mais conhecidas do Pentágono, voltando a frequentar os meios do Capitolio, demonstrando ser um firme defensor tanto das necessidades do Exército como das políticas da Casa Branca.