“O contexto não é fácil mas os meus jogadores têm sido impecáveis”. Após uma série de seis vitórias consecutivas no Campeonato tendo pelo meio a qualificação na Liga Europa e a passagem na Taça de Portugal, o Sp. Braga teve uma quebra no Jamor e perdeu frente ao Belenenses SAD, caindo para a quarta posição, mas nem isso provocou uma inflexão no discurso de Carlos Carvalhal. “Não é este resultado que vai abalar minimamente o grupo. Vamos ter agora uma pausa na Primeira Liga, com três jogos importantes que permitem ter alguns dias para respirar. Estaremos prontos para o que aí vem”, assegurou então o técnico dos arsenalistas. “Sinto-me orgulhoso e satisfeito com os meus jogadores pelo trabalho que têm desenvolvido. Os acidentes acontecem a todas as equipas”, acrescentou agora, no lançamento da última jornada da fase de grupos da Liga Europa com o Zorya.

“Sempre disse que tínhamos pela frente um grupo muito equilibrado e que teríamos de lutar até ao fim. Enganei-me porque conseguimos o apuramento uma jornada antes disso. Isso faz de mim um treinador muito orgulhoso num contexto muito difícil, com jogos de três em três dias”, destacou, secundarizando a possibilidade de chegar ainda ao primeiro lugar que estava ainda em aberto depois da surpreendente derrota do Leicester na Ucrânia: “O mais importante, em função do calendário, é a qualificação e isso já está conseguido. Se pudermos aliar a isso o primeiro lugar, vamos fazê-lo. Não estamos dependentes só de nós mas vamos fazer o nosso papel. Seremos uma equipa determinada e muito atenta porque este adversário é muito perigoso. Se acontecer, fantástico; caso contrário, a minha satisfação já é grande até porque matámos o borrego de ganhar a uma equipa ucraniana”.

Ao todo, o Sp. Braga já arrecadou um total de 8,1 milhões de euros, podendo ganhar mais 570 mil euros em caso de vitória na última jornada da fase de grupos e mais 500 mil euros caso os ingleses escorregassem de novo na receção ao AEK Atenas. Ou seja, os minhotos ultrapassaram a fasquia dos 40 milhões de euros em prémios da UEFA nas últimas sete temporadas, sendo já a segunda melhor época apenas atrás de 2019/20, com 10,8 milhões de euros. Mais do que um estatuto europeu reforçado pelo 100.º encontro na Liga Europa feito em Atenas (apenas a terceira equipa portuguesa a chegar a essa marca, depois de Sporting e Benfica), os arsenalistas fazem das provas internacionais uma fonte de receita importante que vai sustentando também o crescimento do clube. A isso, tendo o palco à sua mercê, Carvalhal quer aliar resultados e proveitos a exibições de qualidade. E, em parte, conseguiu.

Percebendo cedo que dificilmente chegaria ao primeiro lugar com os golos madrugadores de Cengiz Ünder (12′) e Barnes (14′) para o Leicester frente ao AEK Atenas, o Sp. Braga, com várias alterações na equipa e poupando nomes como Matheus, Esgaio, Bruno Viana, Sequeira, Castro, Al Musrati, Ricardo Horta, Iuri Medeiros e Paulinho, tentou experimentar novas ideias de jogo variando uma linha de três defesas com os habituais quatro quando Raúl Silva se assumia como lateral e dois avançados (Schettine e Abel Ruíz) e confirmou na segunda parte a superioridade que já se tinha visto na primeira, ganhando por 2-0 num encontro onde Zé Carlos, jovem lateral direito contratado este verão ao Leixões, mostrou que é uma promessa muito interessante para Carvalhal no futuro.

Logo a abrir, o estreante Zé Carlos por pouco não coroou aquela que seria uma noite de sonho, falhando sem o guarda-redes na baliza uma recarga após remate de Abel Ruíz na área (4′). Em ataque organizado ou em transições, o Sp. Braga mostrou respeito pelo crescimento do Zorya na prova e não permitiu grandes espaços aos ucranianos, ficando perto do golo por João Novais (15′, remate à figura) e André Horta (20′, 26′ e 28′, com três tiros que não passaram longe dos postes da baliza contrária) antes das duas oportunidades mais flagrantes com Galeno a encostar muito por cima na pequena área (33′) e Abel Ruíz a falhar isolado frente a Shevchenko (36′) – ambas com Zé Carlos no passe. Da parte do Zorya, Kabaiev teve a única chance dos ucranianos mas atirou a rasar o poste (37′).

No segundo tempo, os minhotos entraram com menor intensidade na partida mas um remate de Schettine na área ao lado (53′) e um livre direto que bateu ainda na trave de João Novais (55′) deu o mote para um encontro jogado cada vez em situação mais complicada pela muita chuva que ia caindo, com o Sp. Braga a conseguir desfazer o nulo num lance onde a UEFA atribuiu o golo ao central Abu Hanna mas que tem chancela de Galeno, a receber em velocidade na esquerda, a fazer o movimento tradicional para dentro e a rematar para aquilo que seria sempre golo caso não houvesse o desvio do defesa contrário (61′). O Zorya acusou a desvantagem e Carvalhal fez o resto: ao lançar em campo Paulinho, Iuri Medeiros e Ricardo Horta em campo, os visitados conseguiram acabar com as dúvidas, com o médio ofensivo a marcar o 2-0 após grande assistência de Iuri Medeiros (68′).

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