Já lhe chamam o Bundesbank da Liga. Razão? Segundo a Marca, sempre que a bola chega aos seus pés é tão seguro como deixá-la numa caixa forte fechada a sete chaves. Toni Kroos cumpre a sétima temporada em Madrid depois de em 2014 ter tudo acertado com o Manchester United (só não foi para Old Trafford porque Van Gaal rendeu David Moyes e recusou contratar o então médio do Bayern) mas continua com tanta ou mais fiabilidade do que quando chegou ao Santiago Bernabéu. E aqui não são opiniões, são números. Acima de todos os outros.

De acordo com os dados da Liga espanhola, o alemão leva uma percentagem de acerto no passe de 93,2%, à frente de Koke (90,2%) Frenkie de Jong (89,9%). Ou seja, em 866 passes tentados completou 807, com uma pequena diferença entre aqueles que são realizados no seu meio-campo (94,5%) e no reduto adversário (92,3%). E criou 28 oportunidades de golo, mais do que qualquer outro jogador, numa eficácia que se alarga à Liga dos Campeões. Se este Real Madrid tem como principais caras na atualidade Benzema pelos golos e Sergio Ramos pela liderança, Toni Kroos é, a par de Casemiro e Modric, o dono do jogo do Real Madrid. Um jogo que, quando o trio está bem, dificilmente não é bom. E foi isso que voltou a acontecer frente ao Elche na primeira parte, naquela que podia ter sido a sétima vitória seguida do conjunto de Zidenine Zidane depois da fase em que a sua continuidade foi colocada em causa. Não foi pelo eclipse no segundo tempo. E porque nas situações limite há sempre o “fantasma”.

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Em dia de regresso de Marcelo (que trazia uma estatística nada simpática de apenas uma vitória nos seis jogos que tinha disputado esta temporada), o Real Madrid parecia que tinha parado no tempo e era o mesmo sem Ronaldo. Aliás, à exceção de Courtois, que ganhou o lugar de Navas, todos os titulares foram campeões, bicampeões ou tricampeões europeus com o francês no comando. Uma espécie de “A Última Dança” mas sem aquele que era considerado por todos o Michael Jordan da equipa com as suas diferenças. É certo que o facto de o futebol se jogar com 11 e não com cinco minimiza o peso individual de qualquer elemento numa comparação entre modalidades mas se é verdade que Benzema subiu a pique de rendimento sem Ronaldo na equipa, nestas alturas de maior necessidade de resolver ou “matar” o jogo o francês não chega para tudo. Esta noite voltou a ser assim.

Já depois de uma bola na trave de Marcelo, com um remate de pé direito após assistência de Benzema num lance que começou em mais um passe longo com precisão de Kroos (13′), Modric inaugurou o marcador pouco depois, numa recarga após remate de meia distância de Asensio assistido por Kroos que voltou a bater na trave (20′). Com o Elche acantonado no seu meio-campo, muitas vezes reduzido aos últimos 30 metros sem saída, Benzema ainda teve uma oportunidade flagrante após cruzamento de Sergio Ramos mas o intervalo chegou com a vantagem pela margem mínima entre poucas ameaças dos visitados à baliza de Courtois. Depois, tudo mudou.

Com uma entrada mais assertiva em campo, capaz de colocar verdadeiros problemas à defesa e à transição do conjunto merengue, o Elche empatou na sequência de uma grande penalidade cometida por Carvajal e convertida por Fidel Chaves (52′), soube compreender da melhor forma os momentos do jogo e criou perigo em algumas saídas rápidas já de Lucas Boyé ter rematado a rasar o poste da baliza de Courtois antes do assalto final do Real Madrid, com Badía a negar o golo a Sergio Ramos e Benzema falhar de cabeça em cima do minuto 90 naquela que foi a melhor oportunidade para manter a liderança partilhada da Liga com o Atl. Madrid e prolongar a série de vitórias consecutivas. Já o Elche, mais de 40 anos depois, tirou pontos ao campeão. E podiam ter sido mais, não fosse uma grande defesa de Courtois a livre direto de Gonzalo Verdú no último lance do encontro.