Na antevisão da final da Taça da Liga, Rúben Amorim estabeleceu as diferenças, a nível pessoal, entre a derradeira partida da competição em 2020 e a derradeira partida da competição em 2021. Disputou as duas e ganhou as duas, tornando-se o primeiro a vencer a competição em anos consecutivos com equipas diferentes. Mas antes do apito inicial, não deixou de estabelecer a disparidade entre os dois momentos, separados por um ano civil.

“São momentos diferentes. Naquele momento, no Sp. Braga, também era muito importante para mim, por estarmos a jogar em casa e por estar no início da carreira. Agora estou no Sporting, a pressão é diferente, o grupo é muito inexperiente nestas andanças. A experiência está mais no outro clube e não no clube grande, isso não é muito normal. Vamos começar por aí. Uma equipa jovem que tem muita ambição. No ano passado estava mais preocupado por mim, este ano estou mais preocupado pelos meus jogadores. Quero mais que eles ganhem do que eu. No ano passado estava mais preocupado pelo início da minha carreira, este ano quero que os meus jogadores ganhem”, explicou o treinador do Sporting, referindo depois que a “estrela” da sorte que diz que o acompanhada está em tudo relacionada com a “confiança” que tem no próprio trabalho.

Pedro, o espanhol dos calções rotos que se tornou o modelo do Sporting (a crónica da final da Taça da Liga)

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

90 minutos volvidos, entre muita água no relvado e uma final muito física, o Sporting venceu o Sp. Braga com um golo de Pedro Porro e conquistou a Taça da Liga pela terceira vez em quatro anos. Os leões conquistaram o primeiro troféu do ano, numa época em que já não estão na Taça de Portugal mas estão na liderança da Primeira Liga, e Rúben Amorim revalidou o título a nível pessoal. O treinador, que há um ano festejou com o Sp. Braga a conquista da terceira competição nacional, alcançou o segundo troféu da carreira e levantou a Taça da Liga pela oitava vez — duas como treinador, seis como jogador, sendo que nunca ninguém venceu mais vezes a prova.

Amorim, que foi expulso ainda na primeira parte e em simultâneo com Carlos Carvalhal depois de se ter envolvido numa discussão com o treinador dos minhotos, passou grande parte da final da Taça da Liga na bancada. Depois do apito final, não escondeu às lágrimas e a emoção, desceu ao relvado para festejar com os jogadores que orienta atualmente mas não se esqueceu do passado: cumprimentou, um a um, cada jogador e cada elemento da equipa técnica do Sp. Braga, à exceção de Carvalhal, que não assistiu à cerimónia de entrega das medalhas.

Em declarações à Sport TV, o treinador leonino explicou que a conquista da Taça da Liga “dá outra confiança” ao grupo e “consolida o projeto” do Sporting. “Olhamos muito para os resultados, surgiu alguma desconfiança após a Taça de Portugal e o empate com o Rio Ave mas não íamos mudar, ganhássemos ou perdêssemos esta taça. É importante, dá um balão e estamos a arriscar, com um grupo jovem que vai sofrer muito. Temos já jogo importante no Bessa e temos de saber festejar, sabendo que há um jogo importante. Temos o Campeonato para olhar e será engraçado trazer os jogadores à terra e amanhã já pensamos no jogo do Boavista. Seria pior se tivéssemos perdido. Era muito importante para o Sporting ganhar este troféu hoje”, atirou Amorim, numa entrevista que foi interrompida pela restante equipa técnica dos leões, que levou o troféu ao treinador. O técnico voltou a falar da “estrelinha”, que diz ser algo “importante na nossa vida”.

“Procuramos essa estrelinha no espírito de toda a gente. O Alex [enfermeiro] é tão importante como foi o Coates, que fez um enorme jogo. Esta é a força do nosso grupo. Somos muito assim, temos momentos em que sofremos, que nos dificultam a vida, mas faz parte e temos uma crença muito grande. É a nossa maior força, a união que temos em todo o staff”, continuou Rúben Amorim, que não deixou de garantir que está “feliz” no Sporting. “O projeto é a minha cara”, terminou, deixando ainda palavras aos jogadores do Sp. Braga.

“Aqueles rapazes, a maioria deles, deu-me o que tenho hoje. Não quero esquecer o grupo que tenho hoje, mas tinha de os cumprimentar. Deram tudo por mim, ajudaram-me e, sinceramente, a equipa do Sporting dá-me tudo o que tem. Tive mais cunho nesta vitória do que na outra [Taça da Liga da época passada, com o Sp. Braga], não posso esquecer isso e quis cumprimentá-los. São rapazes espetaculares. Gosto muito da cidade, o clube deu-me oportunidade contra muita gente. Sei separar as águas, chateei-me com o treinador da outra equipa mas faz parte do passado. Estive mal por ser expulso, mas tinha de representar o clube que represento e cumprimentar um a um”, disse o técnico.