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Nuno Mendes não tem nada de falso. É tudo bem real e vale pontos (a crónica do Boavista-Sporting)

Este artigo tem mais de 3 anos

Assistiu para o primeiro golo, esteve na insistência que deu o segundo, ficou perto de marcar. Nuno Mendes foi o melhor da vitória do Sporting no Bessa e mostrou que de falso só mesmo o falso positivo

O jovem ala português criou o golo que abriu o marcador, apontado por Nuno Santos
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O jovem ala português criou o golo que abriu o marcador, apontado por Nuno Santos

EPA

O jovem ala português criou o golo que abriu o marcador, apontado por Nuno Santos

EPA

O Sporting não é campeão há praticamente 19 anos. Um hiato que é o maior de sempre na história do clube, que dura desde Bölöni e desde 2002 e que foi sendo amenizado pelas conquistas de Taças de Portugal, Taças da Liga e até por aquela impressionante campanha europeia em 2005, que acabou com uma desapontante derrota em Alvalade na final da Taça UEFA com o CSKA. Tudo isto, porém, só tem a capacidade de amenizar. Nenhuma glória adicional, seja ela qual for e mesmo que seja a nível europeu, poderá substituir o primeiro lugar no final de um Campeonato. A sensação de ter sido melhor do que o Benfica, melhor do que o FC Porto, melhor do que todos os outros.

Há 19 anos que o Sporting não tem essa sensação. Já esteve perto, como na primeira época de Jorge Jesus, em que perdeu o título para o Benfica por apenas dois pontos. Mas também já esteve longe, como em 2013, quando acabou a temporada em sétimo lugar e a 36 (!) pontos do campeão do FC Porto. Ainda assim, há muito tempo que os leões não se encontravam na posição em que estão atualmente, em janeiro de 2021: no primeiro lugar da Liga, já com um título conquistado e com o resto da época totalmente livre para lutar apenas e só pelo título que escapa há quase duas décadas. É certo que as eliminações precoces da Liga Europa e da Taça de Portugal não são propriamente dados positivos — mas são, novamente, dados secundários e adicionais se o Sporting chegar a junho enquanto campeão nacional.

Este lugar privilegiado faz com que se comecem a procurar explicações. Explicações por parte dos adversários, que foram surpreendidos por um rival que há alguns anos que já não entrava propriamente nas contas; e explicações por parte dos adeptos, que foram também surpreendidos por uma equipa capaz de lutar por vitórias e títulos. Curiosamente, a explicação encontrada por ambos os lados foi a mesma. A tal estrelinha de Rúben Amorim — que para os primeiros é sinónimo de sorte e para os últimos é sinal de destino. Uma estrelinha que, no entender dos leões, só poderia ser uma estrelinha de campeão.

E Amorim, o responsável pela tal iluminação, não tem pruridos em falar dessa ponta de sorte. Fê-lo novamente na antevisão da visita ao Bessa, esta terça-feira, que o Sporting cumpria logo depois da conquista da Taça da Liga e logo antes do dérbi em Alvalade com o Benfica. “Obviamente que temos falhas em certos momentos do jogo, mas temos conseguido vencer. Eu não me lembro de um jogo nesta época em que o adversário tenha sido assim tão superior a nós, que criasse mais oportunidades. É um misto de tudo: quando jogámos mal contra o Belenenses SAD, conseguimos ganhar, aí tivemos a tal estrelinha. Agora o resto é muito trabalho da equipa, qualidade dos jogadores. Eu próprio chamo a atenção para a estrelinha mas tenho noção do trabalho que eles têm vindo a fazer. Os resultados não escondem aquilo que por vezes acontece de mal no jogo. Quando ganhámos 2-0 ao Sp. Braga para o Campeonato eu estive aqui a dizer que não estava tudo bem, com o V. Guimarães o mesmo. Venho a alertar para isso, mas temos de realçar o que o Sporting tem vindo a fazer e são muitos jogos para se falar só em estrelinha. Há um misto de competência, de sorte nos momentos certos, qualidade do trabalho da equipa e espírito de equipa”, disse o treinador leonino.

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Esta terça-feira, o Sporting visitava então o Boavista e já sabia, logo à partida, que uma vitória significava não só manter os quatro pontos de distância para o FC Porto como também aumentar para seis pontos a vantagem em relação ao Benfica, que empatou na Luz com o Nacional. Uma distância de seis pontos que podia surgir na antecâmara do dérbi, marcado já para a próxima segunda-feira em Alvalade — onde, na melhor das hipóteses e somando aí mais três pontos, os leões podiam abrir um fosso de nove pontos para os encarnados. Mas antes de tudo isso, era necessário ganhar ao Boavista. Um Boavista de Jesualdo Ferreira que entrava na partida no último lugar da classificação, sem vencer desde novembro e com oito golos sofridos nos últimos quatro jogos.

Sem Pedro Gonçalves, que foi expulso nos últimos minutos da final da Taça da Liga contra o Sp. Braga e estava castigado, o Sporting podia contar com Rúben Amorim no banco de suplentes — o treinador, que também viu o cartão vermelho direto em conjunto com Carlos Carvalhal, foi apenas multado e não sofreu qualquer castigo. Pedro Gonçalves era naturalmente substituído por Jovane, sendo que Nuno Santos regressava ao onze inicial depois de ter sido suplente contra os minhotos, precisamente numa troca com o luso-cabo-verdiano. Luís Neto, que esteve infetado com Covid-19, voltava às opções iniciais no trio defensivo, e Sporar também era titular, com Tiago Tomás a começar no banco. A grande novidade, porém, era Matheus Nunes: o jovem médio arrancava de início e João Palhinha era suplente, numa mudança que estava provavelmente relacionada com o facto de o jogador português estar em risco de ver o quinto amarelo e falhar o dérbi com o Benfica.

Do outro lado, Jesualdo Ferreira recuperava a solução encontrada ainda por Vasco Seabra, na vitória do Boavista contra o Benfica, e atuava com uma linha defensiva de cinco elementos — que também fazia face às ausências de Chidozie e Devenish, ambos expulsos na última jornada. Durante o primeiro quarto de hora, pouco ou nada existiu para contar: o Sporting dominava por completo, com o controlo total da posse de bola, mas não conseguia criar perigo. Os leões tentavam desequilibrar a partir de variações dos flancos da direita para a esquerda, com Nuno Mendes a aparecer em melhor plano do que Pedro Porro, ou da capacidade individual de Jovane, que conseguia driblar ao descair na faixa central e levava quase sempre a melhor sobre Sauer. No meio-campo, o principal destaque era a posição de João Mário, que recuava no terreno para cobrir os espaços que normalmente pertencem a Palhinha, deixando Matheus Nunes numa zona mais adiantada e com mais espaço para soltar a criatividade.

Ainda assim, e apesar da enorme superioridade, a equipa de Rúben Amorim não conseguia aproximar-se com perigo da baliza de Léo Jardim — mas na primeira vez em que conseguiu, marcou. Num lance de insistência, Nuno Mendes cruzou rasteiro, cruzado e tenso para a grande área; Nuno Santos, numa antecipação perfeita, apareceu nas costas dos centrais do Boavista e desviou para dentro da baliza (22′). O lance foi inicialmente anulado por alegado fora de jogo do avançado ex-Rio Ave mas acabou por ser validado após revisão do VAR, com Nuno Santos a marcar o sexto golo da temporada.

Logo no lance seguinte, Nuno Mendes ficou perto de aumentar a vantagem, com um remate de primeira que passou ao lado da baliza (26′), e Feddal também esteve quase a fazer o segundo golo com um cabeceamento que falhou por pouco o alvo (30′). O Sporting controlava por completo, asfixiando o Boavista dentro do próprio meio-campo, mas cometia erros de transição e início de construção que acabavam por oferecer lances de perigo aos axadrezados. Luís Neto, regressado ao onze depois de ter estado infetado com Covid-19, teve uma primeira parte difícil na marcação a Elis e perdeu algumas bolas e alguns duelos. As melhores ocasiões do Boavista foram anuladas por fora de jogo, um remate de Elis que Adán defendeu (34′) e outro do avançado que entrou mas não valeu (45′), e um atraso arriscado de Neto quase deixou o guarda-redes espanhol em maus lençóis (39′).

Antes do intervalo, o Sporting também podia ter aumentado a vantagem, com um remate de Jovane que foi intercetado por Porozo em cima da linha (40′) e uma oportunidade em que João Mário permitiu a defesa de Léo Jardim de forma inexplicável (43′), mas acabou mesmo por descer ao balneário a ganhar pela vantagem mínima. Os leões estavam a dominar — principalmente devido aos desequilíbrios criados por Jovane e Nuno Mendes — mas os erros de transição defensiva que iam cometendo já poderiam ter causado dissabores.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Boavista-Sporting:]

No início da segunda parte, Jesualdo Ferreira trocou Sauer e Gomez por Benguche e Nuno Santos e desfez a defesa a três centrais, passando a atuar com quatro elementos na fase mais recuada. O jogo ficou mais dividido, até porque o Sporting recuou as linhas e perdeu capacidade de reter a bola para jogar mais na profundidade e na transição rápida, mas as melhores ocasiões continuaram a pertencer aos leões. Sporar falhou inacreditavelmente quando só precisava de desviar ao segundo poste, depois de um grande lance de Nuno Santos (53′), e João Mário rematou por cima em posição frontal para a baliza (60′).

Rúben Amorim leu o jogo e percebeu que Jovane, sem bola e sem capacidade de avançar, estava em claro subrendimento. Trocou o avançado por Daniel Bragança e inverteu novamente a lógica ofensiva: João Mário subiu, passando a ocupar os espaços por onde tinha andado Jovane e Daniel Bragança trancou o meio-campo logo à frente do trio defensivo, ficando Matheus Nunes no mesmo lugar. A ideia, pelo menos à partida, era que João Mário pudesse fazer o que Pedro Gonçalves tantas vezes faz, com roturas entre linhas que apanham o adversário despercebido e criam linhas de passe que constroem oportunidades de golo.

O treinador leonino voltou a mexer quando faltava um quarto de hora para jogar, refrescando a movimentação ofensiva e a transição defensiva com Tiago Tomás e João Palhinha, e procurou principalmente responder ao reforço que Jesualdo Ferreira foi fazendo ao meio-campo ao longo de todo o jogo. Durante a segunda metade do segundo tempo, Angel Gomes baixou no relvado e aproximou-se da linha intermédia, algo que ia causando alguns problemas ao Sporting e que levava sempre um central com o avançado formado no Manchester United, deixando Elis mais solto na frente. Tudo isto, porém, evaporou com um momento de inspiração de Pedro Porro. Nuno Mendes insistiu numa jogada com um cruzamento a partir da esquerda, a defesa do Boavista afastou e Porro recolheu; virou-se para a baliza e atirou de muito longe, descaído na direita, sem dar hipótese a Léo Jardim e marcando em jogos consecutivos pela primeira vez na carreira (77′).

Até ao fim, Adán ainda respondeu com uma grande defesa a um desvio de Rami na sequência de um canto (82′) e o Sporting recebeu a única má notícia desta vitória no Bessa: João Palhinha viu o quinto cartão amarelo na primeira falta que fez e vai falhar o dérbi com o Benfica na próxima segunda-feira. Dérbi onde os leões vão receber os encarnados com seis pontos de vantagem, graças a esta vitória contra o Boavista que também manteve a distância de quatro pontos para o FC Porto. O Sporting foi muito superior na primeira parte, permitiu o equilíbrio na segunda e falhou muitas oportunidades de golo — mas a constante foi Nuno Mendes, que desenhou o lance do primeiro golo, esteve na insistência que deu o segundo, ficou perto de marcar e foi o elemento em grande destaque. Marcado por um teste que deu um falso positivo na semana passada, Mendes mostrou que não tem nada de falso. É tudo muito real e, desta vez, valeu pontos.

https://twitter.com/_Goalpoint/status/1354206269654102017

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