Pouco depois da primeira de três meias-finais do 60 metros dos Europeus de Pista Coberta, que terminaram com vitória de Andrew Robertson e apuramento direto de Kojo Musah, o francês Mouhamadou Fall e o alemão Michael Pohl ocuparam a zona de repescagens na Arena de Torun com duas setas que diziam “Bilhete para a final”. Era ali que teriam de ficar à espera dos resultados das duas séries que se seguiam. Na primeira, o britânico Oliver Bromby foi para o lugar de Pohl; na segunda, saíram os dois. E de forma surpreendente para aquilo que se projetava em termos teóricos, foi o português Carlos Nascimento que ocupou o posto com o polaco Remigiusz Olszewski.

Benzeu-se, concentrou-se, fez a sua história: Carlos Nascimento bate recorde pessoal e apura-se para final dos 60 metros

Depois da qualificação direta na quarta série da primeira fase de qualificação com 6,68, o velocista bateu nas meias o recorde pessoal que tinha conseguido em Pombal há cinco anos por um centímetro (6,62) e chegou pela primeira vez à final de um Mundial ou Europeu de seniores, num currículo onde conta com uma medalha de ouro nos Jogos Europeus de 2019 e finais em Mundiais de juniores e Europeus Sub-23 (ambos ao Ar Livre).

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Qualquer que fosse o resultado, Carlos Nascimento já tinha a sua “vitória”. E aquele que era o segundo melhor registo de sempre de um velocista português nos Europeus de Pista Coberta, depois da vitória em Paris no ano de 2011 de Francis Obikwelu, o melhor de sempre na especialidade que ganhou também uma prata nos Jogos de 2004 em Atenas (100 metros) e três ouros e uma prata nos 100 e 200 metros em Europeus ao Ar Livre. E se a nível de melhores tempos do ano o português partia para esta final com o registo mais modesto a par de Nazarov (6,62), no ranking europeu era o quarto (23.º), só atrás de Jacobs (5.º), Volko (8.º) e Kevin Kranz (11.º).

A conquista de uma medalha era uma missão quase impossível e, depois de uma boa saída, o português acabou na quinta posição uma prova que foi completamente dominada pelo italiano Lamont Marcell Jacobs, que ganhou a medalha de ouro com a melhor marca do ano (6,47) à frente do alemão Kevin Kranz (6,60) e do antigo campeão, o esloveno Jan Volko (6,61). O britânico Andrew Robertson terminou em quarto com 6,63, seguido do português que acabou com o tempo de 6,65, a três centésimos do recorde pessoal que tinha batido de manhã.