De origem turca e casado com uma argentina, Cem Özdemir desempenha desde 2018 o cargo de chairman do Comité dos Transportes alemão e, a fazer fé na imprensa germânica, está na calha para suceder a Andreas Scheuer como o poderoso ministro dos Transportes do Governo Federal. Daí que as suas opiniões sobre a indústria automóvel alemã sejam relevantes.

Numa entrevista à publicação local Auto Motor und Sport, em formato podcast, Özdemir debruçou-se sobre o actual momento que atravessa a mais importante indústria alemã. Analisa a necessidade de fundos para investir na exigente mobilidade eléctrica, bem como a forma como isso fragilizou os fabricantes germâmicos.

Especificamente sobre a Daimler, que alienou a divisão de pesados e veículos comerciais, lançando-a em bolsa para reunir o capital de que necessita, Özdemir é crítico, acusando os chineses de tentar controlar a Daimler e a Mercedes.

É um facto que a Daimler tem em Li Shufu, o dono da Geely, o seu maior accionista, com 9,7% das acções, tendo o chinês igualmente adquirido 50% da Smart e assegurado a produção dos pequenos veículos a partir da China, quando surgir a próxima geração. Além de Li Shufu, outro dos accionistas de referência da Daimler é a chinesa BAIC, com 5%, o parceiro estatal do grupo alemão na produção de veículos da Mercedes na China. A novidade é que a situação parece ser de tal forma grave a ponto de um político alemão se manifestar publicamente preocupado com o que diz ser uma estratégia da China para controlar a Mercedes.

Paralelamente, Özdemir revela-se confiante que os motores de combustão vão mesmo acabar e que os veículos eléctricos, em breve, serão mais baratos do que os seus rivais a gasolina. O político tem ainda tempo para dizer o que pensa sobre o futuro dos combustíveis sintéticos e sobre Elon Musk.

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