O terceiro ano de Pedro Martins no Olympiacos, depois de uma primeira época em que terminou no segundo lugar do Campeonato e uma segunda temporada em que fez a dobradinha em termos nacionais, passando pela fase de grupos da Champions e chegando aos oitavos da Liga Europa. Nova época, objetivos redobrados: apesar de ter sofrido a primeira derrota no Campeonato frente ao Panathinaikos, o conjunto de Pireu criou uma vantagem de 16 pontos na liderança e está também apurado para as meias da Taça, voltando aos oitavos da Liga Europa depois de uma eliminatória eletrizante com o PSV que foi decidida com um golo de Hassan em Eindhoven aos 88′.

“Temos a impressão que controlamos as nossas vidas. Não é verdade”. Pedro Martins, um treinador português na Grécia

“Em 2018, quando cheguei, tudo era negativo e reconstruímos a equipa. Quatro jogadores ainda estão no clube, contratámos outros 21 ao longo do tempo. Tudo era novo: os jogadores, o treinador e a filosofia. Os jogadores acreditaram no que estávamos a fazer, acreditaram que era algo muito interessante e especial. O nosso presidente também está sempre connosco, sempre soube que era ele quem mandava. É um apaixonado pelo clube. Na nossa primeira conversa, ficou claro que tudo se resumia a liderança e a construir algo novo. Na Grécia não tens tempo, e numa equipa como o Olympiakos, estás obrigado a vencer”, destacou numa entrevista ao The Telegraph onde falou também da importância de Carlos Queiroz para mudar a forma de treinar e de como descobriu o forte pontapé do guarda-redes Ederson quando orientou o brasileiro como técnico do Rio Ave.

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Seguia-se o Arsenal, voltavam as boas recordações nada distantes: na última época, nos 16 avos de final realizados pouco antes da pandemia travar todas as competições, Lacazzette deu vantagem aos londrinos na primeira mão na Grécia, Cissé levou a decisão para prolongamento no Emirates e Youssef El-Arabi anulou o golo de Aubameyang a um minuto dos 120′ para conseguir uma histórica e surpreendente vitória no campo de um dos candidatos à vitória na prova. “Milagre? Isso não existe no futebol, muito menos com três anos seguidos na fase a eliminar da Liga Europa. Há um ano o que fez a diferença foi o nosso ADN, termos o grupo sempre a acreditar. Por isso fizemos golos na parte final. A nossa imagem na Europa é de uma equipa com personalidade forte e isso é para manter. Temos de jogar à Olympiakos, sem receio, independentemente do adversário”, destacou o técnico português.

Esta noite, à exceção de um período após o golo do empate em que o Arsenal abriu mais espaços e a equipa grega teve hipóteses de ferir os ingleses com outro discernimento e capacidade de último passe, o Olympiacos sentiu sempre mais dificuldades perante um conjunto de Mikel Arteta uns níveis acima da campanha que tem feito na Premier League e acabou por cair perante condicionantes defensivas que pesaram bastante (até poucos minutos antes do início da partida) e um José Sá que foi herói, tornou-se vilão num lance em que podia ter feito melhor apesar do efeito da bola no primeiro golo e acabou quase como mártir na derrota por 3-1 em Pireu.

Já com Rúben Semedo de fora por lesão, os gregos sofreram mais um contratempo no aquecimento, com o central Ousseynou Ba a lesionar-se também e a dar lugar a Masouras na equipa que tinha sido inicialmente apresentada e Yann M’Vila a recuar para o eixo recuado. Essa alteração provocou uma notória instabilidade na defesa dos gregos, que viram Ödegaard falhar uma bola de golo sozinho na área com um remate de pé esquerdo ao lado (3′) e José Sá a ser gigante numa intervenção a cabeceamento de Aubameyang que bateu ainda na trave (6′). O Arsenal estava por cima do encontro, em ataque organizado e até nas bolas paradas (mais duas defesas do guarda-redes a livres de David Luiz e Aubameyang), e o máximo que o Olympiacos conseguia era aproveitar erros na saída de bola dos londrinos para rematar à baliza de Leno, por Bruma (21′) e Masouras (40′, aqui com condições para fazer muito melhor). A supremacia dos gunners acabou por trazer resultados práticos ainda antes do intervalo, com Ödegaard a aproveitar uma recuperação de Saka e a soltar uma bomba com José Sá a tocar sem desviar (34′).

Pedro Martins tentou mexer ao intervalo, em posicionamentos e jogadores, mas o Arsenal continuava melhor até sofrer mais uma vez com os erros próprios: Dani Ceballos, acabado de entrar, perdeu em zona proibida, Leno estava fora da baliza para dar linha de passe e El-Arabi a aproveitar todas as facilidades para voltar a ser o carrasco dos londrinos (58′). O encontro passava a conhecer outro contexto, com o conjunto grego a ter até nos minutos seguintes situações de transição que com outra definição poderiam levar mais perigo, mas um lance com muitos protestos à mistura em que Gabriel saltou com Sokratis atingindo o antigo defesa dos londrinos na cara originou o 2-1 a dez minutos de final, num balde de água fria bem aproveitado pelo Arsenal para aumentar ainda mais a vantagem pelo recém entrado Elneny perante o desespero de José Sá com a sua defesa (85′).