As autoridades russas rejeitaram esta terça-feira o pedido para realizar uma manifestação na quarta-feira a favor do líder oposicionista Alexei Navalny, coincidindo com o discurso do Presidente Vladimir Putin sobre o Estado da Nação.

O departamento de Segurança Regional da Câmara Municipal de Moscovo alegou que o pedido fora feito por pessoas que não residem na cidade, numa referência aos aliados de Navalny no exílio, para recusar o pedido da manifestação, e ainda que na capital russa é estritamente proibido realizar eventos públicos por causa da pandemia de Covid-19.

As autoridades russas avisaram que, caso a manifestação se realize, os seus organizadores e participantes poderão ser objeto de processos administrativos ou criminais.

No mesmo sentido, o Ministério do Interior pediu na segunda-feira aos russos que se abstenham de participar em atividades não autorizadas e que não compareçam nos pontos de encontro designados pelos organizadores.

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O Ministério do Interior salientou que tomará “todas as medidas” para manter a lei e a ordem nos locais do protesto anunciado pelos apoiantes de Navalny, o opositor russo detido e em greve de fome, cujo estado de saúde inspira cuidados, que coincidirá com o discurso anual do Presidente russo perante a Assembleia Federal.

Na próxima segunda-feira, o Tribunal Municipal de Moscovo começará a avaliar o pedido do Ministério Público para declarar como “organização extremista” várias associações ligadas a Alexei Navalny, incluindo os seus escritórios regionais de campanha.

A Procuradoria-Geral russa anunciou na passada sexta-feira que procuradores tinham feito uma inspeção a várias organizações e escritórios de movimentos políticos apoiantes do líder oposicionista, incluindo o Fundo Anticorrupção Navalny, que chegou a acusar vários altos funcionários do Estado de enriquecimento ilícito.

As autoridades alegam que os seus “reais objetivos são criar condições para alterar a ordem constitucional”, aludindo às revoltas populares promovidas por associações nos arredores de Moscovo.

No final de março, a equipa de Navalny lançou uma campanha online para reunir 500 mil pessoas dispostas a sair às ruas para exigir a libertação do opositor do regime.

Contudo, perante a deterioração do estado de saúde de Navalny, que se encontra detido, foi decidido realizar a manifestação, mesmo que não estivesse reunido aquele número de participantes.

Segundo os colaboradores de Navalny, a vida do político “está por um fio”, com graves problemas de saúde e sem poder ver o seu médico de confiança, tendo, por isso, declarado uma greve de fome, no dia 31 de março.

Vários médicos, incluindo Anastasia Vassilieva, a médica pessoal do líder oposicionista, foram esta terça-feira impedidos de entrar na colónia penal onde Navalny está hospitalizado.

Vassilieva considera que as autoridades estão a desrespeitar as leis nacionais e os tratados internacionais, impedindo o acesso ao seu paciente.

É uma atitude muito desrespeitosa para as pessoas que têm o dever médico de auxiliar um doente”, disse a médica, em declarações no exterior da colónia penal, onde foi impedida de entrar.