O Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho congratulou-se com a reabertura das fronteiras terrestres com Espanha, anunciada pelo Governo, considerando que o Alto Minho e a Galiza “estavam a morrer” com o seu encerramento.

“Ficamos muito satisfeitos. Esta região estava a morrer sem as fronteiras abertas. Dizemos que é tarde, mas mais vale tarde do que nunca”, disse esta quinta-feira à agência Lusa o diretor do AECT Rio Minho, Fernando Nogueira.

As fronteiras terrestres com Espanha vão reabrir no sábado, anunciou o primeiro-ministro no final da reunião do Conselho de Ministros sobre a última fase de confinamento.

Fernando Nogueira, que é também presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira, no distrito de Viana do Castelo, disse ter contactado com os autarcas da raia e que todos estão “extremamente satisfeitos”.

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A reabertura das fronteiras era ambição e uma luta comum. Todos os autarcas da região do Alto Minho e da Galiza tinham um discurso unânime”, reforçou.

Com sede em Valença, o AECT Rio Minho abrange 26 concelhos: os 10 municípios do distrito de Viana do Castelo que compõem a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho e os 16 concelhos galegos da província de Pontevedra.

“Continuaremos agora, pelas vias institucionais, a reclamar a compensação para os trabalhadores e empresários transfronteiriços dos prejuízos financeiros que tiveram com o aumento enorme de quilómetros que tiveram de fazer e, para o território, do prejuízo de milhões que foi causado por esta situação”, disse o responsável pelo agrupamento que organizou vários protestos contra o encerramento das fronteiras entre as duas regiões.

Fernando Nogueira adiantou que “existem compensações para outros setores” e reclamou os mesmos apoios para “os trabalhadores e as empresas transfronteiriças diretamente afetados pelo encerramento das fronteiras”.

“A compensação pelos danos físicos e psicológicos, esses nunca serão compensados, como é óbvio”, destacou.

De acordo com um estudo encomendado pelo AECT Rio Minho ao doutorado em Economia da Universidade de Vigo Xavier Cobas, estima-se que o fecho de fronteiras entre Portugal e Espanha, no primeiro confinamento geral, em 2020, provocou “uma perda de faturação superior a 92 milhões de euros” naquele território.

Segundo as estimativas de Xavier Cobas, o encerramento de fronteiras, durante o primeiro confinamento geral motivado pela pandemia de Covid-19, entre 17 de março e 30 de junho, “afetou cerca de 25.000 pessoas em toda a eurorregião Norte de Portugal-Galiza e 10.000 nos distritos de Pontevedra e Viana do Castelo”.

Com a reabertura das fronteiras a partir de sábado o diretor do AECT Rio Minho apelou “ao bom-senso e à responsabilidade de todas as pessoas”.

“Esta é uma luta que não está ganha, longe disso. Temos de continuar a ter cuidados”, alertou.

As fronteiras entre Portugal e Espanha estão fechadas desde janeiro devido à pandemia de Covid-19, sendo apenas permitida a passagem, em 18 pontos autorizados, ao transporte internacional de mercadorias, trabalhadores transfronteiriços e de caráter sazonal devidamente documentados, veículos de emergência, socorro e serviço de urgência.

Atualmente, das oito passagens que ligam o distrito de Viana do Castelo à Galiza, o atravessamento da fronteira durante 24 horas apenas está autorizado na ponte nova de Valença. Há ainda pontos de passagem em Monção, Melgaço, no Lindoso e Ponte da Barca, que estão disponíveis nos dias úteis, das 07h00 às 09h00 e das 18h00 às 20h00