PS e PSD criticam a atribuição de prémios de gestão à equipa liderada por António Ramalho no Novo Banco, considerando-a “imoral” e de “profunda falta de decoro”, apesar de o pagamento só poder ser feito depois de concluído o plano de reestruturação. Já o PCP atira também ao governo, culpando o contrato de venda assinado pelo executivo de António Costa.
Novo Banco atribui prémios de quase 1,9 milhões à gestão, num ano em que perdeu 1329 milhões
O Partido Socialista diz que “imoralidade é a expressão que pode melhor descrever esta decisão“. Em declarações à Rádio Observador, o deputado João Paulo Correia — que coordena o grupo parlamentar do PS na Comissão de Inquérito à gestão do banco –, sustenta que “a decisão não devia ter sido tomada. Não é a primeira vez que a administração o faz e já nessa altura o PS tinha sido contra “. “Numa situação normal, fora de pandemia, já era imoral, agora mais imoral se torna tendo em conta o quadro de crise pandémica, económica e social, com várias empresas e familias a passarem por dificuldades, ainda para mais num banco que apresenta recorrentemente prejuízos”, acrescenta.
João Paulo Correia refere ainda que no ano passado, quando uma decisão idêntica foi tomada, “o Fundo de Resolução, e bem, descontou esse valor da transferência feita”, mas considera que “esta é uma questão que nem se devia colocar se existisse um mínimo de consideração pelo período que vivemos e pelo apoio que é dado pelo Fundo de Resolução ao Novo Banco”.
[Ouça aqui as declarações dos deputados João Paulo Correia e Duarte Pacheco sobre os prémios na equipa de gestão do Novo Banco]
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Já o Partido Social Democrata classifica esta decisão de “falta de decoro”. O deputado Duarte Pacheco — também ele coordenador do PSD na Comissão Parlamentar de Inquérito –, diz à Rádio Observador que “num momento em que se pede ajuda publica, se atribuam prémios de gestão extraordinários”. Para o deputado social-democrata, “se uma empresa decidir atribuir prémios diz respeito apenas aos acionistas, mas quando se está a pedir apoio público, devia existir decoro“.
Para Duarte Pacheco, “já no passado o Fundo de Resolução deu uma boa resposta a esta decisão e esse é um exemplo de que as autoridade estão despertas e eventualmente vão ter que tomar a mesma decisão“, acrescenta o coordenador do PSD na comissão que está a analisar a venda do Novo Banco e a gestão desta entidade bancária ao longo dos últimos anos.
PCP atira também ao Governo. “Quem assinou o contrato de privatização também deve ser responsabilizado”, diz Duarte Alves
O Partido Comunista considera “incompreensível” que a administração do Novo Banco decida atribuir prémios à gestão, mas diz que “esta é uma decisão que responsabiliza a administração mas também quem fez o contrato de privatização” atirando diretamente “ao governo do Partido Socialista” e acrescentando que, “esta decisão só dá força à posição do PCP, para a nacionalização do Novo Banco”, diz o deputado Duarte Alves à Rádio Observador.
Duarte Alves afirma que “é preciso colocar um ponto final nesta situação em que os portugueses pagam a conta da limpeza mas em que a gestão é privada. É essencial garantir o controlo público do banco para o colocar ao serviço do interesse nacional e por fim a este tipo de decisões”, diz o deputado que coordena o grupo parlamentar do PCP na comissão de inquérito do Novo Banco.
[Atualizado às 14h com a posição do PCP]