“Quanto mais o tempo passa, mais complicado vai ficando o Campeonato do Mundo para Lewis Hamilton e para a Mercedes. O fim de semana do Grande Prémio da Estíria ainda está longe de acabar, porque há corrida e pode até ser molhada, tendo em conta as previsões de meteorologia, mas o Red Bull de Max Verstappen tem sido até agora imperioso. Não apenas isso mas as estatísticas começam a jogar a favor do piloto holandês”.

Andrew Benson, editor chefe da BBC para a Fórmula 1, lançava a próxima corrida numa perspetiva que poucos poderiam prever no arranque da temporada. Sim, que os Red Bull estariam bem mais fortes, isso ninguém tinha dúvida não só perante os resultados de 2020 como as indicações no início do ano. No entanto, poucos poderiam prever que a marca austríaca conseguisse não só diminuir o fosso para a Mercedes mas, em paralelo, criar uma vantagem sobre os crónicos campeões de pilotos e construtores. E aquilo que aconteceu no último Grande Prémio de França mostrou bem a inversão de papéis entre as duas equipas. E era nesse contexto que chegava a primeira prova no Red Bull Ring, em Spielberg. Hamilton estava pior e iria correr em terreno adversário.

Com apenas sete provas realizadas até ao momento, 14 pontos de diferença era ainda muito pouco. E qualquer resultado no Grande Prémio da Estíria nunca seria decisivo. No entanto, seria um bom barómetro para todas as provas seguintes até à Hungria, quando haverá uma paragem de quase um mês, incluindo Áustria (no mesmo circuito) e logo a seguir Silverstone. E a saída voltaria a ter um papel determinante no desfecho final.

Lando Norris foi o grande protagonista, ao arriscar a segunda posição de Hamilton antes de ser superado por Sergio Pérez e recuperar duas curvas depois a posição, mas Max Verstappen fez o que tinha de ser feito: sair bem, manter a liderança apesar da pressão do britânico (que se queixou depois em comunicação com a equipa que algo tinha saltado do carro do holandês para o seu pneu dianteiro), partir daí para um reforço do primeiro lugar. O único derrotado acabou por ser Pierre Gasly, que desceu da sexta para a 20.ª posição, numa corrida que teria sobretudo as primeiras mexidas nos lugares cimeiros na ida às boxes, quando Valtteri Bottas conseguiu nesse momento ultrapassar Sergio Pérez e fixar-se no terceiro lugar atrás de Verstappen e Hamilton.

A 14 voltas do final, o britânico estava a 8,5 segundos do holandês e perguntava à equipa o que poderia fazer. A resposta, essa, foi um ponto de interrogação como aquele que tem andado na cabeça da Mercedes, que tinha só a secreta esperança que os pneus duros do Red Bull pudessem dar problemas. Não deram. E Verstappen conseguiu pela primeira vez na carreira duas vitórias consecutivas em Grandes Prémios, naquele que é mais um sinal do momento de viragem que se vive na Fórmula 1, sendo que Pérez só não conseguiu ultrapassar Bottas e chegar ao pódio porque precisava de mais uma/duas voltas para concretizar esse objetivo.

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