Thomas Delaney é um dos esteios da equipa dinamarquesa que está nas meias-finais do Euro 2020, marcando até o primeiro golo da sua equipa nos quartos de final, na vitória por 2-1 frente à Rep. Checa. O médio, um dos motores da Dinamarca, tem uma particularidade que torna a sua história uma de superação: é daltónico.

Eleito MVP na vitória frente aos checos, Delaney revelou publicamente que sofre desta condição antes do Mundial de 2018, na Rússia, com especial dificuldade em distinguir o vermelho e o verde. Recorda a Marca que o jogador telefonou para a rádio dinamarquesa DR P3 depois de ouvir um adepto referir dificuldades para distinguir os jogadores de Dinamarca e México num jogo de preparação. “O meu nome é Thomas, sou daltónico e estas coisas acontecem. No outro dia, em campo, foi difícil ver quem era ou não da minha equipa”, afirmou. Quando lhe perguntaram em que equipa jogava, Delaney esclareceu: “Na seleção dinamarquesa”.

“É difícil descrever, é como ver tonalidades diferentes da mesma cor. Costumamos jogar com calções diferentes, mas nesse jogo [Dinamarca-México] eram ambos brancos. Complicou ainda mais. Fixei-me apenas nas caras, mas tinha de fazê-lo muito depressa para não perder a bola. Quando estão mais próximos é fácil, mas quando o ritmo de jogo é mais alto é mais difícil”, acrescentou à DPA, revelando ainda que, no Mundial da Rússia, Austrália e Dinamarca até combinaram os equipamentos para não o prejudicarem.

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Delaney tornou-se assim um porta-voz no mundo de futebol para a questão do daltonismo, condição que afeta cerca de 300 milhões de pessoas em todo o planeta, de acordo com dados da organização Colour Blind Awareness.

Aos 29 anos, Delaney está a viver uma das melhores épocas desportivas da sua carreira. Acabado de terminar a terceira temporada ao serviço do B. Dortmund, foi ao serviço desta equipa que venceu recentemente a Taça da Alemanha. O médio chegou a Dortmund vindo do Werder Bremen, onde época e meia de futebol chegaram para despoletar o interessa do staff do Borussia.

O jogador, cujo apelido é irlandês e que podia ter alinhado pela seleção dos EUA se assim o quisesse, tem um vasto currículo no seu país natal, ao serviço do Copenhaga. Na capital dinamarquesa, Delaney conquistou cinco Campeonatos e quatro Taças, estreando-se pela equipa principal do clube onde cresceu com apenas 17 anos.

Joga desde 2013 pela seleção dinamarquesa e, depois de já ter alinhado em todos os quatro encontros do seu país no Mundial 2018, é agora peça fulcral e de destaque no conto de fadas dinamarquês, que começou com uma quase tragédia, devido ao que aconteceu a Christian Eriksen logo no arranque do Euro. “[Eriksen] Tem sido o nosso melhor jogador durante muitos anos. Levamo-lo no peito e fazer com que se sinta orgulhoso deixa-me a mim e aos meus colegas muito felizes”, disse depois de garantida a passagem às meias-finais.

A Dinamarca defronta a Inglaterra na próxima quarta-feira, em Wembley, pelas 20h.