A coordenadora nacional do BE defendeu esta sexta-feira em Santa Maria da Feira que, se não fosse pela “promiscuidade” entre economia, política e futebol, mais gente teria visto antes o que “entrava olhos adentro” quanto a Luís Filipe Vieira.

O comentário de Catarina Martins sobre a detenção do presidente do S.L. Benfica, por alegados prejuízos ao Estado em negócios superiores a 100 milhões, deu-se na apresentação pública da candidata do BE à Câmara Municipal da Feira, concelho do distrito de Aveiro para o qual essa cabeça-de-lista quer novas políticas habitacionais e menos especulação imobiliária, por defender que “não basta providenciar a sobrevivência – é preciso vida digna para todos”.

A líder do BE apoiou essa visão começando por lamentar que a economia portuguesa esteja assente “em grandes grupos económicos rentistas que vivem do privilégio” e referindo depois que a investigação ao presidente do Benfica só veio confirmar o que o BE já tinha percebido.

“Nos últimos dias, com a detenção do Joe Berardo e agora do Luís Filipe Vieira, há tanta gente que parece tão surpreendida! ‘Como é que foi possível que estas coisas acontecessem?’. No BE não temos surpresa nenhuma porque sempre denunciámos esta economia do privilégio. Mais: sempre denunciámos a promiscuidade entre o negócio e a política, e, sim, também o futebol”, declarou.

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Para Catarina Martins, é essa mistura de interesses “que faz com que tanta gente não tenha querido fazer as perguntas que se impunham e não tenha querido ver o que entrava olhos adentro”.

Realçando que o BE vem denunciando várias situações em que se disfarça “privilégio e rentismo chamando-lhe mérito ou empreendedorismo” e defendendo que “foi no sistema financeiro e na especulação imobiliária que se fez o pior à economia deste país”, a coordenadora do partido disse que a mudança também pelas escolhas do eleitorado nas eleições autárquicas de setembro.

“Quando dizemos que queremos construir soluções para que depois desta pandemia nada seja como antes, é porque queremos que seja feita justiça e garantir que este sistema de privilégio não continua nem permanece”, afirmou.

Catarina Martins admitiu que os representantes do BE podem ser “muito chatos” quanto à urgência de reestruturar a economia nacional, mas insistiu: “Recusamos esta ideia de se ficar espantado a cada escândalo e só se fazer perguntas quando já rebentou a bolha, e depois se ir criando sempre novos fundos imobiliários, novas promiscuidades entre imobiliário, banca, política e futebol, à espera de outra bolha para rebentar passados 10 anos”.