A primeira foi em fevereiro do ano passado, ainda antes da explosão da pandemia, nos trials norte-americanos e para garantir a qualificação para Tóquio 2020. A segunda foi no último mês de outubro, em Londres. A terceira foi esta sexta-feira, em Sapporo, em plenos Jogos Olímpicos. Molly Seidel, de 27 anos, só precisou de fazer três maratonas em toda a carreira para alcançar uma medalha de bronze olímpica.

A norte-americana natural de Brookfield, no Wisconsin, ficou no terceiro lugar da maratona feminina atrás das duas atletas quenianas, Peres Jepchirchir e Brigid Kosgei, que respetivamente conquistaram o ouro e a prata. Com este bronze, Molly Seidel tornou-se apenas a terceira atleta dos Estados Unidos a chegar a uma medalha na maratona feminina, depois da vitória de Joan Benoit em Los Angeles 1984 (onde Rosa Mota foi terceira) e o mesmo bronze de Deena Kastor em Atenas 2004.

Seidel é a fundista mais bem sucedida da história das competições do ensino secundário do Wisconsin e detém os recordes do Estado norte-americano nos 1.600 e nos 3.200 metros. A atleta é ainda tetracampeã estadual de corta-mato, sendo que fez mesmo o melhor tempo de sempre no último título que conquistou, e foi campeã universitária em corta-mato e ainda nos 10.000, 5.000 e 3.000 metros. Só há cerca de ano e meio, contudo, é que decidiu dedicar-se à maratona — com resultados quase imediatos, como se pode perceber.

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No Japão, a maratonista participou pela primeira vez nos Jogos Olímpicos, numa estreia que poderia ter acontecido no Rio de Janeiro mas que foi adiada pelas consequências dos distúrbios alimentares de que sofre e sobre os quais já falou abertamente em diversas ocasiões. A primeira aparição olímpica, porém, apareceu mais do que a tempo e logo com direito a medalha.

Já no final da competição, de bandeiras dos Estados Unidos enrolada à volta do corpo e as lágrimas a caírem-lhe pelo rosto, Molly Seidel conseguiu falar com a família e os amigos através de um vídeochamada no telemóvel. Para os mais próximos, entre a emoção e os gritos, a norte-americana só teve um pedido: “Bebam uma cerveja por mim”. E eles beberam, com toda a certeza.