A construção e arranque da produção na Gigafactory Xangai, a fábrica chinesa da Tesla, foi uma experiência bastante mais célere e sem soluços do que a sua “irmã” europeia, que está a ser instalada nas proximidades de Berlim. De ter de acomodar lagartos e outros répteis que alegadamente hibernavam nos terrenos que os alemães venderam à marca norte-americana, à necessidade de lidar com a oposição dos ambientalistas ao abate de árvores para erguer as instalações fabris, que necessitaram ainda de maior área por o Governo ter pressionado (e subsidiado) a construção de uma fábrica de baterias adjacente ao local, aconteceu de tudo um pouco.

Ao que parece, a situação estará resolvida ou em vias de isso, especialmente depois do candidato a sucessor de Angela Merkel aos comandos do Partido Conservador, Armin Laschet, ter visitado as instalações do construtor norte-americano na passada sexta-feira. Além do tradicional tweet, Elon Musk anunciou que espera “reunir todas as aprovações para poder construir os primeiros veículos na Giga Berlim, provavelmente em Outubro”. A data levantou críticas de alguma oposição aos conservadores, acusando-os de utilizarem a Giga Berlim para campanha política.

O CEO da Tesla tem-se queixado, em várias ocasiões, das inúmeras dificuldades que encontrou pelo caminho, rumo ao início da produção, o que não é de espantar, uma vez que se foi “meter” no país onde estão presentes os principais construtores europeus (e alemães). Armin Laschet admitiu que há excesso de burocracia na Alemanha, tendo afirmado que, “por vezes, parece ser mais fácil inventar qualquer coisa nova do que desmantelar a burocracia germânica”.

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Após a visita do candidato a sucessor de Merkel, Musk anunciou que a Giga Berlim organizará a 9 de Outubro uma feira e uma visita à fábrica, abertas ao público em geral, com prioridade aos habitantes da região.

De recordar que a fábrica alemã, não só irá produzir os Model 3 e Model Y para a Europa, como estreará a produção destes dois modelos com as novas peças fabricadas pelos equipamentos de megacasting, únicos na indústria e que se destinam a substituir cerca das 70 peças que dão forma à zona frontal do chassi por apenas uma, em alumínio fundido. A Tesla acredita que esta solução reduz tempo de produção, custos e tolerâncias, tornando ainda o modelo mais rígido.

Além do megacasting para as partes anterior e posterior do chassi – que vai suportar motor e suspensões à frente e atrás –, vai existir igualmente um terceiro para alojar o pack das baterias, que passará a ser estrutural. Assim que os Model 3 e Y tenham acesso às novas baterias 4680, que incrementarão a capacidade e diminuirão o custo dos acumuladores instalados nos 3 e Y.

A Giga Berlim, que exigiu um investimento total de 4 mil milhões de euros, deverá produzir no primeiro ano 150.000 veículos, para depois evoluir para 500.000, gerando 10.000 empregos directos.