A Mercedes sempre foi exímia a desenhar berlinas de linhas tradicionais, sobretudo no tempo em que o design dos seus modelos era controlado por Bruno Sacco, o que aconteceu entre 1975 e 1999. Gorden Wagener, que assumiu o lugar de Sacco em 2016, confessou que as motorizações eléctricas a bateria vão acabar com os automóveis de três volumes, que tipicamente recorrem a linhas mais direitas.

Numa entrevista à Top Gear, Wagener avançou as razões que o levam a pensar que as berlinas tradicionais estão condenadas a desaparecer. Por um lado, afirma o estilista germânico, os modelos eléctricos têm a necessidade de ser mais aerodinâmicos, o que implica um maior apuramento das formas. Há uns anos, uma eficiente berlina de grande porte reivindicava um Cx de 0,28, mas hoje é necessário apontar para valores mais baixos, próximos de 0,20. Isto se os fabricantes pretendem incrementar a autonomia.

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Outro aspecto que leva Wagener a prever o fim das berlinas formadas por três blocos – um para o motor, um segundo para o habitáculo e um terceiro destinado a acolher as bagagens –, prende-se com a estética, uma vez que, na sua opinião, “uma berlina de três volumes com um pack de baterias com 15 cm de altura não é bonito, é mesmo horrível”. Nas suas palavras:“it looks shit”. Para depois explicar que “é necessário criar um design que ajude a digerir a maior altura, o que nos levou a criar a forma arrojada para os EQ”, referindo-se aos EQS e EQE.

Gorden Wagener defende “a manutenção da grelha nos modelos eléctricos da Mercedes”, ainda que tapada, afirmando que “os veículos eléctricos produzidos pelas startups não têm grelha, o que os torna anónimos e muito semelhantes uns aos outros, parecendo mais supercomputadores sobre rodas”. Por fim, confessa que “a electrificação representa uma grande hipótese para mudar as coisas e mudar é sempre bom”.

A posição do chefe de design da Mercedes pode ser defensável, mas para a Mercedes, porque tanto o Tesla Model S (com 1,445 m) como o Lucid Air (1,410 m) conseguem alojar a mesma capacidade de bateria e, ainda assim, ficar a anos-luz dos 1,512 m de altura do EQE. Aliás, ficam mesmo abaixo de berlinas desportivas da marca com apenas motor térmico, como o Mercedes-AMG GT 4 Portas, que tem uma altura total de 1,455 metros.

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