A Junta Militar de Myanmar anunciou esta segunda-feira que vão ser libertadas nos próximos dias mais de cinco mil pessoas que foram detidos nos últimos meses por protestarem contra o militar do passado mês de fevereiro.

O anúncio foi feito pelo líder da Junta Militar, Min Aung Hlaing, que revelou que no total serão 5.636 prisioneiros a ser libertados até final deste mês de outubro, de acordo com a AFP. Hlaing, no entanto, não deu mais detalhes sobre quem será incluído nesta lista.

A decisão de Min Aung Hlaind surge dias depois de a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) ter excluído Myanmar da cimeira que vai realizar entre 26 e 28 de outubro. Em causa, segundo a organização intergovernamental, estão os “progressos insuficientes” na estabilização de Myanmar, tendo a ASEAN decidido convidar um “representante apolítico” do país, o que enfureceu a Junta Militar.

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Myanmar está mergulhado no caos desde o golpe militar de fevereiro, quando a Junta Militar chefiada por Min Aung Hlaind derrubou o governo eleito da Liga Nacional para a Democracia (LND), da Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, alegando que as eleições de novembro do ano passado foram fraudulentas.

Desde então, pelo menos 1.100 civis morreram na sequência da violenta repressão por parte dos militares, que têm esmagado a oposição ao golpe militar, tendo mais de oito mil pessoas sido detidas.

Após ser excluído da cimeira anual da ASEAN, que contará com a participação de Joe Biden, o general Min Aung Hlaind culpou os Estados Unidos e a União Europeia, falando em “ingerência externa”.

Além disso, o líder da Junta Militar disse que os militares estão comprometidos com a paz e a democracia em Myanmar, e disse que a ASEAN deveria ter em conta aquilo que Hlaind considera as “provocações” por parte dos seus adversários.

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“More violence happened due to provocations of terrorist groups,” Min Aung Hlaing said in a speech on television, where he appeared in civilian attire. “No one cares about their violence, and is only demanding we solve the issue. ASEAN should work on that.”

“O aumento da violência deveu-se às provocações de grupos terroristas”, disse Hlaind num discurso televisivo citado pela Reuters. “Ninguém está preocupado com a violência deles e apenas nos exigem que resolvamos o problema. A ASEAN deveria ter isso em conta”, acrescentou.

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Apesar das críticas, o anúncio da libertação de prisioneiros coincide com o endurecimento da posição da ASEAN em relação em Myanmar. No final de junho, a Junta Militar tinha libertado duas mil pessoas, incluindo, presos políticos.

Quem continua sob custódia das autoridades é Aung San Suu Kyi, de 76 anos, que até ao golpe de Estado era considerada a líder de facto do país, tornando-se no rosto da tentativa de democratização da antiga Birmânia. Suu Kyi, vencedora do Nobel da Paz em 1991, enfrenta uma série de acusações, incluindo corrupção, depois de ter chegado ao poder em 2015.