A população do panda, que este ano deixou de ser considerado uma espécie “em extinção”, está a voltar a aumentar na China, tendo crescido 17% na última década. O recurso à inseminação artificial, à tecnologia para monitorização das populações e o cuidado com o habitat foram a chave para conseguir esta recuperação.

Panda deixa de ser espécie “em perigo” e passa a “vulnerável” na China

A China retirou este ano o panda da lista de espécies em perigo de extinção, passando a ser considerado apenas “vulnerável”. Segundo a Administração Florestal chinesa, atualmente existem 1.864 pandas em liberdade e 673 em cativeiro, quase cinco vezes mais do que há 21 anos. 

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Este mês, o Presidente chinês, Xi Jinping, também aprovou a criação de um grande parque nacional na China para expandir o habitat do panda, com uma área de 27.000 quilómetros quadrados. O território abrange cerca de 70% do seu habitat atual — as províncias de Sichuan, que tem o maior número de exemplares da espécie, Gansu e Shaanxi.

Os guardas florestais têm tido um papel importante na monitorização da atividade do animal. Trata-se de um trabalho perigoso, por ser feito no meio das montanhas, em locais muito remotos, e por isso a comunicação via satélite é fundamental para manter contacto com as bases de operações, como diz o El País, que chegou à fala com uma trabalhadora da floresta, Xu Li.

“As comunicações são um verdadeiro problema se entramos muito nas montanhas”, afirma a jovem chinesa.

O panda em si parece não ser muitas vezes avistado, mas os indícios da sua presença, como pegadas, fezes, marcas de dentadas e arranhões, são cada vez mais comuns. Todos os fatores deste tipo têm de ser reportados, como as coordenadas geográficas, a altitude  e até mesmo os detalhes sobre outros animais que partilham o habitat com o panda.

Antes feito à mão, agora o trabalho dos guardas tem o telemóvel como aliado importante. A “gigante” tecnológica Huawei desenvolveu uma plataforma que reúne os dados em tempo real sobre os pandas.

O sistema contém informação de câmaras, drones e satélites, tanto chineses como internacionais. Desde que começou a ser utilizado, o número de incêndios desceu 70%, diz Yue Sun, representante da Huawei citado pelo jornal espanhol. Dada a dificuldade de localizá-los, espera-se que seja possível atualizar o número de pandas em liberdade, idade, género e possíveis nascimentos e mortes através da aplicação.

A evolução das tecnologias de inseminação artificial ajudou ao crescimento da população do panda, sendo que a maior parte destes animais em cativeiro nasceu através desse processo, pela dificuldade que têm ao acasalar.

Continua a ser, no entanto, um problema devolver os animais em cativeiro às florestas é um problema a ter em conta, devido às dificuldades que estes sentem ao voltar. Os guias do centro de conservação de Dujiangyan, localizado em Sichuan, explicam ao El País que escolhem “os melhores candidatos” e que os acompanham desde muito novos.

“Um panda acostumado ao auxílio humano não se adapta com facilidade à vida selvagem,” dizem.