Os empréstimos em moratória tiveram um “decréscimo acentuado” em setembro, indicou esta sexta-feira o Banco de Portugal, adiantando que o efeito remanescente do fim das moratórias será registado no mês de outubro. Os dados publicados pelo supervisor financeiro indicam que, no final de setembro de 2021, o montante global de empréstimos abrangidos por moratórias era de 19,2 mil milhões de euros, menos 17,2 mil milhões do que em agosto.

Esta variação reflete as reduções de 8,7 mil milhões de euros nos empréstimos concedidos a particulares e de 8,1 mil milhões de euros nos empréstimos a sociedades não financeiras, e resulta do término da moratória pública a 30 de setembro de 2021 (para as adesões que ocorreram até 30 de setembro de 2020)”, afirmou o Banco de Portugal, acrescentando que “esta evolução prolongar-se-á pelo mês de outubro, uma vez que algumas instituições só registam o fim destas moratórias após o final de setembro”.

Fonte: Banco de Portugal

As moratórias terminaram em setembro mas poderá haver pessoas ou empresas que tenham moratórias que se prolonguem até aos últimos meses de 2021. Esses créditos estão relacionados com casos de adesões feitas entre janeiro e março de 2021, o que faz com que os clientes possam beneficiar da medida por mais nove meses, ou seja, o prazo terminará entre outubro e dezembro, conforme os casos.

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Nos resultados trimestrais que alguns bancos já apresentaram, o tema das moratórias foi comentado. Miguel Maya, presidente-executivo do MillenniumBCP comentou na quarta-feira que os números mostram que era verdade aquilo que “desde o primeiro momento dissemos, que o que estava em questão não era nenhuma bomba-relógio. Era um escudo protector”.

O BCP fez um “diagnóstico muito exaustivo” junto dos clientes e, embora não revele quantas reestruturações de crédito já foram feitas com clientes, diz-se “muito tranquilo, o que não quer dizer que não haja situações complexas”. O banco garante que está a “tratar esses casos com o rigor e o respeito que cada cliente merece” mas garante que “a floresta está bem, embora haja múltiplas árvores com problemas“.

Questionado pelo Observador sobre este tema, Miguel Maya diz que o banco está “muito mais preocupado” com fatores penalizadores para as empresas (e famílias) como o aumento dos preços dos combustíveis, dos preços da energia e dos problemas nas cadeias de fornecimento mundiais.

“Bomba-relógio”? Banca garante impacto “gerível” do fim das moratórias