Perante o tribunal, Meghan Markle pediu desculpas por uma declaração enganosa depois de um ex-assessor ter revelado até que ponto é que os Sussex cooperaram com os autores do livro “Finding Freedom”.

Meghan pediu desculpas por não se ter lembrado que deu autorização ao ex-assessor, Jason Knauf, para passar informações aos autores Omid Scobie e Carolyn Durand. Até então, Harry e Meghan sempre negaram qualquer envolvimento na biografia que detalha o percurso de ambos. Em tribunal, Knauf explicou que o livro foi “discutido de forma rotineira” e também “diretamente com a duquesa várias vezes pessoalmente e por e-mail”.

Num email enviado a Knauf, em dezembro de 2018, a duquesa destacou alguns “lembretes úteis” sobre a sua família e a sua versão dos eventos tendo em conta um incidente envolvendo uma tiara. “O duque e a duquesa autorizaram uma cooperação específica por escrito em dezembro de 2018”, confirmou o ex-assessor.

Em resposta, numa declaração escrita, Meghan defendeu-se: “À luz das informações e dos documentos fornecidos pelo Sr. Knauf, aceito que o Sr. Knauf forneceu algumas informações aos autores do livro e que o fez com o meu conhecimento.”

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Meghan declara “peço desculpa ao tribunal pelo facto de não me ter lembrado destas trocas [de email] na altura. Eu não tenho, absolutamente, nenhum desejo ou intenção de enganar o réu ou o tribunal.” O jornal Telegraph afirma que este esquecimento da duquesa pode ser um ponto de viragem no processo que Meghan tem há dois anos contra a Associated Newspapers, e o Daily Mail (que pertence à referida empresa) .

Para percebermos a dimensão que este pequeno pedido de desculpa da duquesa pode ter, temos de recuar e lembrar que tudo começou em agosto de 2018, quando Meghan decidiu enviar ao pai uma carta escrita por ela. O tabloide britânico Mail on Sunday teve acesso à carta e, em fevereiro de 2019, publicou excertos da mesma, o que levou a duquesa de Sussex a processar a empresa detentora do jornal, a Associated Newspapers, afirmando que a carta era totalmente privada e o jornal quebrou assim a sua privacidade. O juiz encarregue deste caso deu razão a Meghan em fevereiro deste ano, considerando que o seu direito a privacidade se sobrepunha ao direito à liberdade de expressão do jornal.

As declarações de Jason Knauf, o assessor de imprensa da duquesa quando esta era ainda membro da família real, surgem como um terramoto em toda esta história. Segundo o jornal The Times, “Knauf disse ao tribunal que a duquesa tratou o pai por ‘Daddy’ (papá), na esperança de que isto fosse ‘apelar ao coração’ caso a carta fosse tornada pública.” A Associated Newspapers argumenta que “era do interesse público que o conteúdo da carta fosse conhecido porque mostra que a duquesa estava a manipular os media para os seus próprios interesses”, assim como alerta para o facto de Meghan achar que carta seria alvo de fuga de informação, denunciando a sua expectativa de privacidade.

A Associated Newspapers sempre argumentou que a duquesa perdeu o direito à privacidade sobre a carta ao usar o seu staff e amigos para dar indicações “enganadoras” aos autores do livro Finding Freedom e à revista People. E aqui entram novamente as declarações de Knauf, uma vez que o ex-assessor da duquesa afirma que ele e ela falaram sobre o livro “várias vezes” ao vivo e por email e Meghan, inclusive, enviou-lhe uma lista de “pontos informativos” a dar aos autores. Knauf acrescenta que o duque e a duquesa autorizaram cooperações específicas por escrito em dezembro de 2018. Citada pelo The Times, Meghan diz em resposta às declarações do ex-assessor “eu aceito que o sr. Knauf deu aos autores do livro alguma informação e que o fez com o meu conhecimento, numa reunião que ele próprio planeou com os autores, nas suas capacidades de assessor de comunicação”.

O grande problema é que a duquesa de Sussex negou de forma veemente ao juiz, através dos seus advogados, que ela e Harry tenham fornecido qualquer informação aos autores do livro. Assim como que a carta enviada ao pai era totalmente privada. O jornal Telegraph lembra que enganar o tribunal é uma ofensa grave e que Meghan pode ser acusada de perjúrio, contudo, depois de falar com um especialista, afirmam que é pouco provável que a duquesa seja acusada, mas é possível que seja pedida uma nova audiência com um outro juiz.