Quarto minuto de descontos, um contra-ataque. O Benfica, que tinha passado os instantes anteriores quase exclusivamente a defender e a segurar o ponto que estava virtualmente conquistado com o empate, tinha a oportunidade de ganhar em Camp Nou. Darwin avançou, temporizou e isolou Seferovic, que depois de já ter ultrapassado Ter Stegen com um bom pormenor atirou ao lado de forma inexplicável. Jorge Jesus, na linha técnica, fez lembrar um momento com oito anos e voltou a cair de joelhos no relvado.

É preciso fazer de Otamendi a nova ovelha Dolly e ter um na defesa, no meio-campo e no ataque (a crónica do Barcelona-Benfica)

Tal como aconteceu em maio de 2013, quando Kelvin marcou aos 90+2′ e tirou o título ao Benfica para o dar ao FC Porto, Jorge Jesus ajoelhou. Ainda assim, ao contrário do que aconteceu já oito anos, nem tudo está perdido: com este empate a zeros em Camp Nou contra o Barcelona, os encarnados não só garantiram matematicamente a Liga Europa como ainda têm possibilidades de assegurar o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões. Para isso, na última jornada da fase de grupos, terão de vencer o Dínamo Kiev na Luz e esperar que o Barcelona não vença o Bayern em Munique. Qualquer outra conjugação de resultados atira os catalães para a fase seguinte, deixando cair os portugueses para a segunda competição europeia.

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Certo é que o Benfica continua sem conseguir ganhar em Camp Nou, somando agora duas derrotas e dois empates. Ainda assim, este foi o terceiro encontro consecutivo dos encarnados em Espanha sem perder, depois dos empates de 2012 com o mesmo Barcelona e da vitória de 2015 com o Atl. Madrid. No que toca ao histórico, a verdade é que o passado está a favor da equipa de Jorge Jesus: na única vez em que o Benfica somou cinco pontos em cinco jornadas da fase de grupos, em 2005/06, não só conseguiu qualificar-se para os oitavos como chegou mesmo aos quartos de final da Liga dos Campeões.

Na zona de entrevistas rápidas, à CNN Portugal, Jorge Jesus não escondeu a desilusão com o lance de Seferovic. “O Benfica foi uma equipa muito forte defensivamente, o Barcelona teve uma ou duas chances de fazer golo, como o Benfica teve. Mas flagrantes, como teve o Benfica, não teve nenhuma. Uma bola na pequena área, nem guarda-redes havia, não fazer golo… Há 30 anos que sou treinador e nunca vi isto na minha vida, mas aconteceu. Aconteceu-me a mim e ao Benfica. Quero dar os parabéns à equipa pela organização defensiva”, começou por dizer o treinador, ignorando a pergunta que o jornalista tentou fazer a meio sobre como se encontrava animicamente o avançado suíço.

“A equipa criou oportunidades, saímos com um resultado que nos põe a sonhar, não dependemos de nós. Estamos a discutir quando só falta um jogo. Estamos a discutir com o Barcelona, uma equipa que ambiciona ganhar a Champions. Isto só pode dar orgulho aos adeptos porque a equipa comportou-se aqui como uma equipa grande”, acrescentou Jesus, deixando depois uma explicação sobre as titularidades de Yaremchuk no ataque e André Almeida como terceiro central. “Tentámos que o Roman [Yaremchuk], fisicamente, pudesse desempenhar e jogar aquilo que ele jogou. Dos três avançados, foi o melhor. Tínhamos a ambição de levar o Darwin a jogo. Quando ele entrou foi quando criámos mais situações. O André esteve bem depois de tanto tempo parado. O André foi um lateral fechado por dentro e esteve muito bem. Pedia-se isso defensivamente e não ofensivamente porque não é um jogador de criar muitos desequilíbrios”, terminou o técnico.

Já Otamendi, que foi eleito o melhor jogador da partida, mostrou-se “feliz porque a equipa fez um grande jogo num campo difícil”. “O Barcelona é uma grande equipa, tem um treinador novo e outra ambição. O resultado foi aberto, podíamos ter ganho mas também podíamos ter perdido. Fizemos um grande esforço na linha central e estou feliz pela equipa”, explicou o central, comentando depois o enorme falhanço de Seferovic nos descontos. “No final, podíamos ter vencido mas não aconteceu. Seferovic tentou fazer o golo mas não saiu. Tudo continua. Temos mais uma final em casa. Vamos jogar para ganhar e conseguir o apuramento”, disse Otamendi, deixando depois o segredo para para chegar aos oitavos.

“O segredo é ter a mesma mentalidade que tivemos hoje. Jogámos para ganhar. Tentámos estar bem ordenados. Eles têm muita tendência para ter bola. Tentámos não deixá-los construir, tentámos sair rápido quando dava e fechar as linhas”, terminou o internacional argentino.