Adam Mosseri, responsável pelo Instagram, uma plataforma detida pela Meta (antiga Facebook) de Mark Zuckerberg, revelou que a rede social vai voltar a ter um feed (secção principal na qual aparecem as publicações dos outros utilizadores) cronológico que não recorre a inteligência artificial. Mosseri fez o anúncio durante uma audição que teve no Congresso dos EUA esta quarta-feira quando foi confrontado por  alguns senadores com críticas de que a app é viciante para crianças e jovens.

Como conta o TechCrunch e outros órgãos de comunicação social, um dos senadores perguntou a Mosseri se este acreditava que os consumidores deveriam ter mais controlo na rede social sem ser “manipulados por algoritmos”. “Acreditamos em mais transparência e responsabilidade e acreditamos em mais controlo e é por isso que estamos a trabalhar numa versão do feed cronológico que esperamos lançar no próximo ano”, respondeu o responsável. Contudo, não especificou quando é que a funcionalidade será disponibilizada.

A empresa por detrás do Instagram decidiu acabar com o feed cronológico – que enumera as publicações pela ordem em que foram publicadas — em 2016. Desde aí, e com subsequentes alterações em 2017, que os utilizadores passaram a ver partilhas escolhidas por um algoritmo que recorre a inteligência artificial e que incorpora na seleção os comportamentos e escolhas de cada utilizador.

Mosseri teve de responder a perguntas dos senadores americanos depois de Frances Haugen, uma antiga funcionária do Facebook, ter revelado milhares de documentos internos que foram publicados no The Washigton Post (WP). Nestes ficheiros é referido que a empresa de Mark Zuckerberg, que além do Instagram e do Facebook detém também o WhatsApp, entre outra plataformas, sabe que as suas redes sociais podem ser “tóxicas” para os mais jovens e que, alegadamente, não tem agido para mitigar este problema.

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Em antecipação desta audição, o Instagram divulgou um comunicado assinado por Adam Mosseri no qual afirma que “tem vindo a trabalhar para manter os jovens seguros na aplicação”. Entre outras medidas, o líder da rede social afirmou que “os pais e educadores ​​poderão ver quanto tempo os seus filhos passam no Instagram e definir limites de utilização”. Este ano, devido às notícias do WP, a Meta anunciou que ia suspender a criação de um Instagram só para crianças.

Facebook suspende desenvolvimento do “Instagram para crianças” após controvérsias

Na audição, Mosseri foi mais longe e referiu que é necessário existir uma entidade para as redes sociais definirem práticas e medidas sobre a melhor forma de lidar com dados de crianças. Porém, os senadores não pareceram ter ficado contentes com esta propostas, dizendo que “o tempo da autoregulação” acabou.