A tenista chinesa Peng Shuai — cujo paradeiro foi desconhecido durante mais de duas semanas, na sequência de uma publicação que fez onde acusava um antigo vice-primeiro-ministro chinês de a ter violado — deu a sua primeira entrevista a um órgão de comunicação social estrangeiro e desmentiu as acusações. “Quero deixar isto claro: nunca afirmei ou escrevi sobre alguém que me teria agredido sexualmente”, disse.

Peng Shuai estava a participar num evento de esqui em Xangai quando deu a entrevista ao jornal de Singapura Lianhe Zaobao, publicado em mandarim. Na entrevista, a tenista fez questão de clarificar a publicação que tinha feito na rede social Weibo, onde acusava Zhang Gaoli de a ter forçado a ter relações sexuais. “Relativamente ao Weibo, é uma questão privada”, disse, na tradução publicada pelo The Guardian. “Houve muitos mal-entendidos”.

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Depois de o post ter sido divulgado no Weibo, foi retirado menos de 30 minutos depois. Peng Shuai não apareceu em público nas semanas seguintes. Acabaria por ter uma conversa com o Comité Olímpico Internacional, mas persistiram dúvidas sobre o seu bem-estar, o que levou a WTA, a associação feminina de ténis, a decidir suspender todos os seus torneios na China: “Não vejo como podemos pedir às nossas atletas que compitam lá quando Peng Shuai não pode comunicar livremente e parece ter sido pressionada para contradizer a sua acusação de agressão sexual”, disse Steve Simon, presidente da WTA.

A decisão foi tomada depois de Peng Shuai ter enviado um email à associação, que suspeitou que não teria sido escrito pela tenista. Questionada sobre esta matéria na entrevista agora publicada, Shuai garante que sim: “Foi totalmente feito por mim”, disse, acrescentando que foi apenas traduzida para inglês. A atleta garante ainda que não está a ser seguida ou vigiada.

Para além da entrevista, Peng Shuai ainda apareceu em público este fim-de-semana no mesmo evento de esqui. Foi vista com outros atletas, incluindo a antiga estrela chinesa da NBA Yao Ming. Fotos do momento foram divulgadas no Twitter.