Foi um ano como poucos: em 2021, o Sporting foi campeão nacional 19 anos depois da última vez, conquistou a Taça da Liga pela terceira ocasião em quatro anos e ainda ganhou a Supertaça Cândido de Oliveira ao bater o Sp. Braga no final de julho. Esta quarta-feira, em Alvalade e contra o Portimonense, os leões encerravam um ano histórico que levou o clube de regresso ao topo do futebol português, de regresso à discussão de todas as decisões e, acima de tudo, de regresso à estabilidade. E todos esses fatores tinham um nome como denominador comum — Rúben Amorim.
Na última conferência de imprensa de antevisão do ano, o treinador leonino cumpria com os desígnios habituais e não entrava em romantismos, recordando que era preciso vencer primeiro o Portimonense para assistir ao Clássico entre FC Porto e Benfica com a possibilidade de roubar pontos a um ou aos dois rivais. “O mais importante é o nosso jogo. Ganhando, mantemos a nossa posição. Fazemos as contas mas temos de ganhar ao Portimonense. Vamos focar no nosso jogo e, depois, vamos ver o Clássico. No fim, um dos três cenários estará em cima da mesa, sabendo que ainda muita gente vai perder pontos. Quem está mais tranquilo e com mais calma ao seu redor colhe melhores resultados, penso eu. A única coisa que nos interessa é ganhar o nosso jogo”, explicou Amorim.
Ficha de jogo
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Sporting-Portimonense, 3-2
16.ª jornada da Primeira Liga
Estádio José Alvalade, em Lisboa
Árbitro: António Nobre (Leiria)
Sporting: Adán, Gonçalo Inácio, Coates, Matheus Reis, Ricardo Esgaio (Geny Catamo, 59′), João Palhinha (Daniel Bragança, 55′), Matheus Nunes, Nuno Santos, Sarabia, Pedro Gonçalves, Paulinho (Tiago Tomás, 90′)
Suplentes não utilizados: André Paulo, João Virgínia, José Marsà, Flávio Nazinho, Gonçalo Esteves, Dário Essugo
Treinador: Rúben Amorim
Portimonense: Samuel, Willyan, Pedrão, Lucas Possignolo, Fali Candé (Renato Júnior, 85′), Ewerton (Luquinha, 85′), Pedro Sá, Filipe Relvas, Angulo (Saná, 90+2′), Fabrício (Henrique Jocú, 68′), Nakajima (Anderson Oliveira, 85′)
Suplentes não utilizados: Payam Niazmand, Nakamura, Paulo Estrela, Aponza
Treinador: Paulo Sérgio
Golos: Matheus Reis (21, ag), Paulinho (65′, 76′ e 83′), Lucas Possignolo (90+2′)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Gonçalo Esteves (22′), a Willyan (30′), a Pedro Gonçalves (30′), a Paulinho (45+3′), a Pedro Sá (45+3′ e 58′), a Matheus Nunes (62′); cartão vermelho por acumulação a Pedro Sá (58′)
Certo é que, com o fim de 2021, Rúben Amorim fechava um ano de total afirmação no universo leonino e no universo nacional. Para além do título de campeão nacional que acabou com o longo jejum do Sporting, o treinador tornou-se a cara de um sistema tático, a cara de uma formação de renome e a cara do próprio clube, assumindo quase por inteiro a comunicação dos leões ao longo das semanas. Amorim é um manager à antiga — treina, decide, comunica e opina. E foi, desde 2020 mas principalmente em 2021, a coluna vertebral que endireitou o Sporting.
Esta quarta-feira, os leões recebiam então um Portimonense que aparecia em Alvalade no sexto lugar da Primeira Liga e com a possibilidade de subir ao top 5, já que o Estoril já havia perdido nesta jornada. Depois das naturais alterações no jogo contra o Casa Pia na Taça de Portugal, Amorim recuperava os habituais titulares e só fazia as mexidas a que era obrigado: Luís Neto e Bruno Tabata estavam ambos de fora por castigo, Manuel Ugarte testou positivo à Covid-19 e Feddal, Rúben Vinagre, Pedro Porro e Jovane continuam lesionados. Assim, Matheus Reis entrava no trio de centrais e Nuno Santos aparecia na ala esquerda, com Ricardo Esgaio a ser o responsável pelo lado contrário. Nos algarvios, Paulo Sérgio tinha em Moufi e Lucas Fernandes duas baixas de última hora, ambos por terem testado positivo à Covid-19.
Atenção GoalPointers leões, hoje é o último #DiaDeSporting do ano ????
???? Jogo arranca às 21h
???? SCP quer ver o clássico de pantufas e no topo
???? Neto, Tabata e Ugarte são 3 das 8 ausências leoninas
???? No PSC Carlinhos é destaque mas está castigado#SCPPSC #LigaBwin pic.twitter.com/dGJsQ04F4c— GoalPoint.pt (@_Goalpoint) December 29, 2021
Os primeiros instantes foram suficientes para perceber a forma como o Portimonense se apresentava em Alvalade: os algarvios colocavam uma linha de seis na zona mais recuada, com quatro defesas-centrais, e obrigavam o Sporting a lateralizar praticamente todas as iniciativas, já que o corredor central ficava totalmente obstruído. A partir daí, e sempre que conseguiam ter bola, exploravam a profundidade e as costas da defensiva leonina, que estava frequentemente subida no terreno, tentando potenciar a velocidade de Fali Candé de um lado e Angulo do outro. Os leões cedo conquistaram um ligeiro ascendente na partida, de forma natural, e João Palhinha foi o autor do primeiro remate da partida — um pontapé rasteiro de fora de área que Samuel encaixou (6′).
O jogo ia sendo disputado a um ritmo elevado e interessante, embora sem grande qualidade ou nota artística, e o Portimonense ia demonstrando uma capacidade acima da média para defender de forma sólida e causar perigo na transição rápida — algo que, contra o Sporting e especialmente em Alvalade, nem sempre é algo fácil de executar. Nakajima teve a melhor oportunidade do jogo até ao momento, com um grande pontapé de fora de área que Adán defendeu contra a trave (10′), e os leões só conseguiram responder com um desvio acrobático mas desenquadrado de Sarabia depois de um cruzamento de Pedro Gonçalves (18′). A equipa de Rúben Amorim não era capaz de esconder as dificuldades claras que ia tendo para chegar ao último terço adversário e acabou por ser traída por mais uma transição do Portimonense: Fali Candé fugiu a Esgaio e a Inácio na esquerda, implementando muita velocidade, e cruzou rasteiro para a grande área; aí, pressionado com a presença de Fabrício, Matheus Reis procurou o desarme mas acabou por desviar para a própria baliza, colocando os algarvios a ganhar em Alvalade (21′).
Apenas o 2.º golo sofrido pelo Sporting em ????Alvalade neste campeonato: antes do autogolo de Matheus Reis, só Luis Diaz (FC Porto), em setembro, tinha batido Adan pic.twitter.com/nu22odX7EM
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Com o autogolo do central ainda antes da meia-hora, o Sporting encontrava-se numa posição pouco habitual: a perder no Campeonato, algo que só havia acontecido em Famalicão, na 4.ª jornada, e curiosamente também devido a um autogolo (na altura, de Nuno Mendes). Os leões procuraram reagir à desvantagem principalmente através de Sarabia, que era o grande inconformado da equipa e que ia desequilibrando tanto na direita como no corredor central, e o espanhol ficou perto de empatar com um pontapé ao segundo poste que Samuel defendeu (27′). O guarda-redes do Portimonense tornou-se protagonista no último quarto de hora da primeira parte, defendendo remates de Pedro Gonçalves (33′) e Ricardo Esgaio (42′), e o Sporting foi mesmo para o intervalo a perder pela primeira vez neste Campeonato.
???????? 45' | Sporting 0-1 Portimonense
Os pontapés de baliza do Portimonense na primeira parte, com claro objetivo de colocar a bola em Fali Candé#LigaBwin #LigaPortugalBwin #SCPPSC pic.twitter.com/dwuOZILwTS
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Embora explorassem essencialmente a ala esquerda, onde Angulo estava visivelmente esgotado devido aos quilómetros percorridos entre tarefas defensivas e ofensivas, os leões causavam perigo principalmente a partir da direita e de Sarabia. O problema, quase sempre, era que os cruzamentos da área terminavam de forma infrutífera e, sempre que o Sporting tentava atacar pelo corredor central, a muralha algarvia aparecia para fechar caminhos e criar um autêntico labirinto.
???????? INTERVALO | Sporting 0 – 1 Portimonense
???? SCP a perder em casa ao intervalo pela 1ª vez
???? Matheus (Dia de) Reis ???????? ofertou a "prenda" que dita o marcador ????#LigaBwin #LigaPortugalBwin #SCPPSC pic.twitter.com/MRSCPnEQuU— GoalPoint.pt (@_Goalpoint) December 29, 2021
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Na segunda parte, de forma natural, o Sporting instalou-se por completo no meio-campo adversário e procurou de imediato o empate, criado duas oportunidades nos primeiros dez minutos: Ricardo Esgaio atirou ao lado depois uma boa combinação com Sarabia (47′) e Paulinho também falhou o alvo depois de um cruzamento do lateral direito (54′). A pressão leonina permanecia inconsequente, embora tivesse o mérito de ter empurrado o Portimonense para o respetivo último terço, e Rúben Amorim decidiu mexer ainda antes de estar cumprida uma hora de jogo. João Palhinha saiu e Daniel Bragança entrou, ficando clara a ideia de que era tempo de ter bola com critério e chegar ao golo através do jogo apoiado — a única possibilidade possível para vencer a muralha defensiva dos algarvios.
Pouco depois, o Portimonense sofreu um duro revés: na sequência de uma arrancada de Matheus Reis pelo meio — um veículo que é cada vez mais importante na transição do Sporting –, Pedro Sá parou o central e viu o segundo cartão amarelo, deixando a equipa reduzida a 10 elementos com mais de meia-hora para jogar. Nesta fase e com Tiago Tomás no banco, Rúben Amorim optou por refrescar o corredor direito, onde Ricardo Esgaio estava a ter algum protagonismo com os movimentos interiores que ofereciam a ala a Sarabia, e tirou o lateral para lançar Geny Catamo, que se estreou pela equipa principal leonina com apenas 20 anos. O golo do empate, esse, só demoraria mais uns minutos.
???????? 72' | Sporting 1-1 Portimonense
As 10 conduções aproximativas de Matheus Reis são um novo recorde da #LigaBwin 21/22#LigaBwin #LigaPortugalBwin #SCPPSC pic.twitter.com/X2AGFq7HRV
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Na sequência de mais uma arrancada de Matheus Reis, Daniel Bragança abriu em Nuno Santos na esquerda e o ala cruzou com regra e esquadro para o coração da grande área, onde Paulinho apareceu sozinho e a cabecear sem tirar os pés do chão para empatar a partida (65′). Paulo Sérgio reagiu ao tirar Fabrício para colocar Henrique Jocú, trocando um avançado por um médio e começando a blindar ainda mais a baliza, e o Sporting ia pressionando cada vez mais à procura da reviravolta. A cambalhota surgiu a pouco menos de um quarto de hora do fim: Matheus Reis voltou a aparecer em velocidade a abrir em Nuno Santos na esquerda, o ala cruzou para Pedro Gonçalves e o remate do avançado saiu contra um adversário; no ressalto, Paulinho surgiu ao segundo poste a desviar para bisar (76′) e colocar os leões a ganhar pela primeira vez no jogo.
Já dentro dos últimos 10 minutos, Paulinho ainda teve tempo para carimbar o hat-trick (83′) — algo que nunca tinha alcançado no Sporting e que não alcançava há mais de um ano –, num golo que acabou por ser decisivo porque Lucas Possignolo ainda reduziu a desvantagem com um pontapé acrobático nos descontos (90+2′). Certo é que os leões conseguiram vencer o Portimonense em Alvalade, chegaram à liderança isolada à condição da Primeira Liga, garantiram que vão roubar pontos no Clássico desta quinta-feira e terminaram o ano da melhor forma. Numa noite em que Matheus Reis errou para se levantar e ser um dos melhores em campo, Paulinho fez três golos para se despedir de 2021 já com a versão que quer ser em 2022.
???????? Sporting ???? Portimonense
Quase um ano depois de chegar a Alvalade, Paulinho ???????? quebrou o enguiço de não marcar mais do que 1 golo num jogo, e logo com um hat-trick que valeu a vitória ⭐️#LigaBwin #LigaPortugalBwin #SCPPSC #RatersGonnaRate pic.twitter.com/o0pBknnQwW
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???????? INTERVALO | Sporting 3 – 2 Portimonense
???? Emoção até final, em Alvalade
???? Algarvios abriram e fecharam o marcador
???? Sportinguistas trocam Pinheiro por Paulinho de Natal, apos hat-trick salvador ????#LigaBwin #LigaPortugalBwin #SCPBFC pic.twitter.com/selMNCkt1S— GoalPoint.pt (@_Goalpoint) December 29, 2021