Uma das primeiras ordens do almirante Henrique Gouveia e Melo, que esta segunda-feira tomou posse como novo Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), diz respeito ao Bérrio, o navio reabastecedor que em janeiro de 2020 foi mandado abater pelo seu antecessor no cargo, o almirante Mendes Calado, graças a graves problemas estruturais.

O novo CEMA, avança esta quinta-feira o Diário de Notícias, citando fonte da Armada, quer reavaliar as condições do navio, o único reabastecedor da Marinha portuguesa, para perceber se é exequível ou não a sua reativação — a compra de um novo só está prevista na Lei de Programação Militar para 2027.

Quando a notícia sobre o abate do Bérrio se tornou pública, o ex-CEMA almirante Melo Gomes falou em “catástrofe” e “desastre repetidamente anunciado” e explicou que a extinção do navio, na altura em atividade há 50 anos, “inibe a Marinha de projetar poder para distâncias além das nossas águas”. “Deixam de ser possíveis missões como aquela, em 1998, de resgate de 1.200 pessoas da Guiné Bissau ou a operação de emergência na Ilha das Flores”, exemplificou.

Numa primeira fase, em 2019, chegou a ser anunciada pela Marinha uma “ação de manutenção profunda” do Bérrio, para tentar prolongar a vida do navio, comprado em 1993 à Royal Navy britânica, já com 23 anos de serviço, por mais uma década. Depois, explicou na altura um porta-voz do então CEMA ao mesmo jornal, percebeu-se que “a necessidade de intervenção era muito superior ao inicialmente previsto, pelo que seria muito mais extensa e onerosa”, pelo que a opção escolhida foi o abate.

A nova reavaliação do Bérrio, agora ordenada pelo almirante Gouveia e Melo, será assegurada pelo setor da área do material da Marinha.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR