Não há como escapar: há seis jornadas, o Benfica estava a um ponto da liderança e ainda com um dérbi para jogar contra o Sporting na Luz; atualmente, depois de já ter disputado a jornada 18 da Primeira Liga, o Benfica está provisoriamente a três pontos do Sporting e a seis do líder FC Porto, sendo que essa vantagem pode aumentar para seis e nove pontos já este domingo.

A equipa que faz muitos cruzamentos mas ainda não saiu da encruzilhada (a crónica do Benfica-Moreirense)

Este sábado, frente ao Moreirense, os encarnados fizeram apenas quatro remates enquadrados, o segundo pior registo nesta temporada — sendo que, no atual Campeonato, são a equipa com mais acerto entre os postes, chegando aos 114 remates às balizas adversárias. Mesmo alcançando a segunda maior percentagem de posse de bola na Primeira Liga 2021/22 e submetendo a equipa de Ricardo Sá Pinto ao seu pior registo no mesmo indicador, o Benfica não foi além de um empate em que não soube mascarar a ineficácia que é cada vez mais evidente.

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Na flash interview, a primeira voz de desagrado em relação ao resultado foi a de Grimaldo, um dos jogadores mais inconformados ao longo da partida, chegando até a acertar no poste na segunda parte. “Não podemos perder pontos. Contra estas equipas… Não quero faltar ao respeito mas somos o Benfica, temos de ganhar, estamos obrigados a ganhar. Eles não quiseram jogar futebol, estiveram sempre atrás. Dos 90 minutos, não sei quanto tempo jogámos. Começaram a perder tempo praticamente desde o primeiro minuto. É muito duro. Viemos com a motivação para ganhar mas acabámos por jogar contra uma equipa que não o queria fazer. Em 90 minutos, jogámos 40 ou 50. E também não entendo como é que o árbitro só dá seis minutos de descontos. Estiveram sempre no chão”, explicou o lateral espanhol, que não poupou críticas à própria equipa.

“Não sentimos que fizemos o suficiente porque não ganhámos. No final, o que conta é o resultado. Criámos muitas ocasiões, ao contrário deles, que não fizeram praticamente nada. Inclusivamente, o golo deles foi um lance de azar nosso. Temos de pensar em nós. Sabemos que estamos longe do líder mas temos de pensar jogo a jogo. Tentar ganhar todos os jogos até ao final. Até morrer, porque este clube assim o pede. O Benfica está sempre unido. Estes resultados são difíceis, a equipa está triste, vai ser uma semana dura. Os adeptos também estão tristes… É duro. Sabemos que somos melhores e que devíamos levar os três pontos. Há que mudar a dinâmica, mudar o caminho. Creio que pouco a pouco vamos conseguir”, acrescentou Grimaldo.

Na opinião de Nélson Veríssimo, o Benfica pecou essencialmente na eficácia — ou na falta dela. “Faltou acima de tudo eficácia, os dados valem o que valem tendo em conta a posse e as situações de perigo, justificava-se um outro resultado. Tivemos dificuldade em contrariar o bloco defensivo, a equipa foi de uma entrega total na perseguição pelo objetivo, que era a conquista dos três pontos, que infelizmente não conseguimos”, começou por dizer o treinador encarnado, explicando depois aquilo que procurou fazer com as alterações que efetuou ao longo do jogo.

“Acima de tudo, o que nos estava a faltar era dar mais largura ao nosso jogo e o ataque à profundidade. Sabíamos que não tínhamos muito espaço mas devíamos ter atacado mais. Houve mérito na estratégia do Moreirense mas devíamos ter feito mais. A responsabilidade também passa por mim, treinador. É evidente que estamos frustrados por não conseguirmos conquistar os três pontos, não vamos abdicar da nossa luta, temos a consciência de que é difícil. Os sócios têm direito a manifestarem-se, temos de aceitar isso. Temos de pensar no próximo jogo e seguir em frente”, terminou Veríssimo, abordando os assobios que se ouviram na Luz após o apito final.