795kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Catarina ouviu o avô Coxi a atacar Ventura ("é um homem terrível") e disparou: "Maior derrota do Chega é Bloco em terceiro lugar"

Este artigo tem mais de 2 anos

Catarina Martins foi com Joana Mortágua ao bairro da Jamaica ver as condições, no mínimo, precárias em que ali se vive e falar do atraso no realojamento. Mas o ataque político da tarde foi a Ventura.

Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Ação de campanha de Catarina Martins, candidato pelo Bloco de Esquerda a primeiro-ministro. Visita ao Bairro do Jamaica, com Joana Mortágua. Fernando Coxi com Catarina Martins Seixal, 18 de janeiro de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR
i

Fernando Coxi faz parte da família a quem Ventura chamou "bandidos" num debate contra Marcelo, há um ano

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Fernando Coxi faz parte da família a quem Ventura chamou "bandidos" num debate contra Marcelo, há um ano

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

“Casas” que são pouco mais do que tijolos empilhados, poças de água espalhadas por terrenos esburacados, estendais colocados de improviso no meio do bairro. O cenário desta terça-feira, na campanha do Bloco de Esquerda, foi o bairro da Jamaica, no Seixal. Mas a protagonista deixou de ser Catarina Martins assim que um dos representantes da associação de moradores disse aos microfones o seu nome e apelido: era Fernando Coxi, o avô da família Coxi, insultada por André Ventura (que foi condenado e obrigado pelo tribunal a pedir desculpa).

Nos minutos anteriores ao início do passeio pelo bairro da Jamaica, os avisos chegavam da comitiva do Bloco: os familiares que Ventura descreveu como “bandidos” no ano passado, durante a campanha para as eleições presidenciais, poderiam estar agastados com a exposição mediática e o processo em tribunal.

A primeira referência de Catarina Martins fora, aliás, discreta: tinha dado os parabéns “pelo processo” a uma das pessoas que a acompanhavam, sem se perceber se seria um dos membros da família ou apenas um representante da associação de moradores. Mas foi o próprio Fernando Coxi que acabou por esclarecer o assunto quando se identificou, ao lado da sua nora, Vanusa Coxi.

Ora o que tinham para dizer vinha exatamente em linha com o que o Bloco esperava ouvir e transmitir neste arranque de campanha. “A razão vale mais do que a força. Eu queria que ele tivesse a gentileza de chegar à televisão e pedir desculpas [Ventura publicou uma retratação, negando depois que se tratasse de um pedido de desculpas]…É um homem terrível. Esperava que o tribunal tivesse uma decisão forte e aplicasse uma multa pesada”, lamentou Fernando Coxi, explicando que avançou com o processo contra Ventura por ver a família “discriminada” e os netos “insultados na escola”: “Eu pus o processo para defender o futuro dos meus netos”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Ação de campanha de Catarina Martins, candidato pelo Bloco de Esquerda a primeiro-ministro. Visita ao Bairro do Jamaica, com Joana Mortágua. Seixal, 18 de janeiro de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Ao lado de Catarina Martins, o avô da família Coxi remataria: “O que vence neste mundo é o amor”. E um ataque final a Ventura: “Nunca se vai sentar na cadeira de Belém porque essa é de pessoas com dignidade e respeito”.

Ora com a escada lançada pela própria família, a líder bloquista não hesitou em pegar no pretexto e avançar nas críticas, duras, contra André Ventura — uma ponte para um dos maiores argumentos de campanha do Bloco: “A família que hoje conheci foi insultada em pleno horário nobre por nenhuma razão que não o racismo.  André Ventura utilizou uma família deste bairro para insultos racistas; insultou toda a comunidade e o país com os seus insultos racistas”.

Conclusão (eleitoral)? “A melhor lição a Ventura é a derrota nas urnas. O reforço do Bloco como terceira força é a maior derrota. Não aceitamos o país do ódio e da gritaria, que se auto-destrói”.

Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Ação de campanha de Catarina Martins, candidato pelo Bloco de Esquerda a primeiro-ministro. Visita ao Bairro do Jamaica, com Joana Mortágua. Seixal, 18 de janeiro de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Com a moldura dos prédios em pedaços atrás do grupo, os membros da associação de moradores foram descrevendo as suas queixas relativas ao demorado processo de realojamento: o acordo para resolver aquela situação de carência habitacional foi assinado entre a Câmara do Seixal, o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) e a Santa Casa da Misericórdia do Seixal em dezembro de 2017, a primeira fase (para 187 pessoas) foi terminada no fim de dezembro de 2018, mas já em 2020 a Câmara informou que o processo se encontrava atrasado devido à “especulação imobiliária”.

Agora, diz a associação de moradores, entre os custos das casas e os efeitos da pandemia, a data final já está a ser apontada para 2026, daí os lamentos e críticas dos habitantes que iam chamando Catarina Martins para ver as suas casas, as escadas em cimento, as infiltrações por todo o lado.

“Queremos uma ajuda, precisamos de muita ajuda mesmo…”. “Doutora Catarina, podia também ir ver a minha casa, tenho um buraco e chove lá dentro…”. Os pedidos iam-se acumulando, Catarina Martins ia constatando que a Câmara e o IHRU vão “passando culpas”, e a deputada e vereadora no Seixal Joana Mortágua completava: “Aqui ninguém pode viver bem…”.

Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Ação de campanha de Catarina Martins, candidato pelo Bloco de Esquerda a primeiro-ministro. Visita ao Bairro do Jamaica, com Joana Mortágua. Seixal, 18 de janeiro de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Até aqui, estavam todos de acordo, fora os comentários mais céticos atirados para o ar à passagem da comitiva de políticos e jornalistas: “Promessas!”, “pior que isto só no Iraque...”. Mas a mensagem política da tarde seria mesmo dedicada inteiramente a André Ventura. Até dia 30 de janeiro, será um dos alvos a abater na campanha do Bloco — e um dos alvos que podem motivar e mobilizar mais o seu eleitorado.

Assine o Observador a partir de 0,18€/ dia

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Vivemos tempos interessantes e importantes

Se 1% dos nossos leitores assinasse o Observador, conseguiríamos aumentar ainda mais o nosso investimento no escrutínio dos poderes públicos e na capacidade de explicarmos todas as crises – as nacionais e as internacionais. Hoje como nunca é essencial apoiar o jornalismo independente para estar bem informado. Torne-se assinante a partir de 0,18€/ dia.

Ver planos