Mais de 40 civis foram mortos no Mali, nos últimos três dias, em diferentes alegados ataques rebeldes a aldeias na região de Gao, no norte do país, disseram fontes locais.

“É um massacre que causou a morte de mais de 40 civis”, explicaram aquelas fontes, em declarações à agência de notícias espanhola Efe, acrescentando que as vítimas foram mortas quando tentavam fugir dos grupos terroristas, na localidade de Tessit, no círculo de Asongo, na região de Gao.

As fontes atribuem a responsabilidade destes ataques ao Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos (JNIM, leal à al-Qaida) e aos “jihadistas” leais ao Estado Islâmico, que recentemente multiplicaram as ações deste tipo com o objetivo de se posicionarem na zona, após a anunciada retirada das tropas francesas.

Até agora, o governo central ainda não comentou os ataques.

O Estado do Mali, liderado por uma junta militar após dois golpes de Estado em menos de um ano, não controla grandes áreas do país, particularmente no norte e no centro, onde a administração central está praticamente ausente e os ataques perpetrados por diferentes grupos rebeldes estão a aumentar.

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A França, ao lado dos seus parceiros europeus e africanos, anunciou esta quinta-feira a retirada “coordenada” das tropas do Mali devido “a múltiplas obstruções das autoridades de transição malianas”, prosseguindo o combate ao terrorismo nos países vizinhos.

“Devido às múltiplas obstruções das autoridades de transição malianas, o Canadá e os Estados europeus que operam ao lado da operação Barkhane e no seio da operação Takuba consideram que as condições políticas, operacionais e jurídicas não estão reunidas para continuar o atual compromisso militar”, pode ler-se numa declaração conjunta enviada esta quinta-feira pelo Palácio do Eliseu às redações.

A luta pelo combate ao terrorismo vai prosseguir no Sahel, ainda segundo a declaração conjunta também assinada por Portugal, com ações “no Níger e no Golfo da Guiné”, estando a ser levadas a cabo consultas locais para chegar aos termos de entendimento sobre uma nova missão até junho de 2022.

A França possui uma das suas maiores operações militares no Mali desde 2013, com a operação Barkhane a envolver atualmente cerca de 4.300 efetivos no Sahel e cerca de 2.500 estão no Mali. Esta não é a única força estrangeira no país, com um total de 25 mil soldados estrangeiros com diferentes mandatos a atuarem no Sahel.

Portugal está presente com cerca de duas dezenas de militares na operação da força especial europeia Takuba, ao lado de outros parceiros como Alemanha, Bélgica, República Checa, Dinamarca, Estónia, Grécia, Itália, Noruega, Holanda, Roménia, Reino Unido e Suécia.