Há mais de uma semana que a cidade de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está cercada por tropas russas. Os habitantes estão impedidos de sair e os ataques constantes impossibilitam a chegada de ajuda humanitária. Ainda esta quinta-feira de manhã, uma caravana foi obrigada a voltar para trás porque a localidade estava a ser bombardeada.

À medida que o tempo vai passando, as condições em que a população tem de viver vão-se deteriorando. As organizações humanitárias no local descrevem um cenário catastrófico, onde os cidadãos são obrigados a “atacar-se por comida”.

Os alimentos, quase a escassear, não chegam nem para as crianças. Falta água e o aquecimento não funciona, porque não há eletricidade. Muitos estão a ficar doentes “por causa do frio”,  sobretudo aqueles que estão confinados em espaços apertados e que não têm outro sítio para onde ir, denunciou o Comité Internacional da Cruz Vermelha.

Tania Bondar, que vive em Mariupol com os seus nove filhos, disse à Euronews que “é assustador passar por isto”. “Estamos a ser bombardeados por todas as direções. Rezem pelas mães com filhos, por favor, é muito difícil. Não temos água, não temos comida, não temos eletricidade”, contou, enquanto esperava na fila para encher um garrafão de água.

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Não se sabe ao certo quantas pessoas já morreram durante o cerco a Mariupol. A câmara municipal contabilizou 1.207 mortos — o número de corpos recolhidos das ruas da cidade. Destes, 47 foram enterrados em valas comuns por impossibilidade de chegar até aos cemitérios, nos arredores da cidade.

Além destas, três pessoas morreram, incluindo uma criança, num ataque à maternidade, esta quarta-feira. O bombardeamento foi denunciado pelo Presidente ucraniano, Volodomyr Zelensky, nas redes sociais. Zelensky acusou a Rússia de “genocídio”. “Durante quanto mais tempo é que o mundo vai ser cúmplice e vai continuar a ignorar este terror?”, questionou o governante.

Bombardeamento em maternidade de Mariupol faz três mortos, incluindo uma criança. Há mulheres em trabalho de parto nos escombros

Esta quinta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, disse que a Rússia tinha a informação a de que as mães e crianças tinham sido retiradas e que a maternidade estava a ser usada como base militar pelos “radicais” da extrema-direita.

Ao final da tarde, a vice-primeira-ministra, Iryna Vereshchuk, revelou na televisão nacional que as forças russas não respeitaram o cessar-fogo temporário acordado para possibilitar a saída de civis, que continuam assim presos a uma cidade que já quase nada tem para lhes oferecer.