O primeiro-ministro nacionalista húngaro, Viktor Orbán, disse esta quarta-feira ter falado com o Presidente russo, Vladimir Putin, de quem é próximo, tendo-lhe proposto um cessar-fogo imediato e um encontro com líderes ucranianos, franceses e alemães.

“Propus ao presidente Putin que declarasse um cessar-fogo imediato”, disse Orbán aos jornalistas, acrescentando que propôs a Putin deslocar-se a Budapeste para conversar com os líderes ucranianos, franceses e alemães.

“Ele disse que sim, mas com condições”, acrescentou.

Putin e Orbán mantêm relações há muito tempo, apesar das muitas crises entre Moscovo, por um lado, e a União Europeia e a NATO, por outro, duas organizações das quais a Hungria é membro.

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Orbán foi reeleito no domingo para um quarto mandato, tendo sido felicitado na segunda-feira por Vladimir Putin, que defendeu a aproximação ainda maior entre Moscovo e Budapeste, “apesar de uma situação internacional difícil”.

No início de fevereiro, em plena crise entre a Rússia e os países ocidentais que precedeu a ofensiva russa na Ucrânia, Orbán encontrou-se pessoalmente e mostrou cumplicidade com o presidente russo em Moscovo.

Até agora, a Hungria recusou aplicar sanções contra a importação de petróleo e gás russos e rejeitou enviar armas para a Ucrânia, tendo Orbán declarado o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e Bruxelas como “adversários”.

Na terça-feira, a Comissão Europeia ameaçou suspender o pagamento de fundos europeus à Hungria ao iniciar um novo mecanismo comunitário para vincular a transferência de financiamento ao cumprimento de uma série de princípios básicos do Estado de Direito.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.480 civis, incluindo 165 crianças, e feriu 2.195, entre os quais 266 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.