O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu hoje ao Governo de Chipre que proíba o acesso à navegação de navios russos e que acabe com os “privilégios” concedidos a cidadãos da Rússia.

“A República de Chipre tem ferramentas de pressão contra a Rússia. Fechem os portos aos navios russos e aos iates privados. Acabem com os ‘passaportes dourados’ para russos”, pediu Zelensky numa intervenção por videoconferência no Parlamento cipriota.

Como parte da sua “digressão” virtual pelo mundo para pedir apoio contra a invasão russa, o Presidente ucraniano falou numa sessão extraordinária do hemiciclo cipriota, na qual também esteve presente o Presidente do Chipre, Nikos Anastasiadis.

O pedido de Zelensky a Chipre centrou-se principalmente no recurso usado para a atribuição da cidadania em troca de grandes investimentos, os “passaportes dourados”.

Este regime, e também os vistos “gold” para atribuição de residência, foi questionado pela União Europeia (UE) após a ofensiva militar de Moscovo na Ucrânia, devido à suspeita de promover a corrupção e o branqueamento.

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Este programa concedeu cidadania cipriota a 6.779 milionários estrangeiros, dos quais cerca de 42% eram russos.

Por seu lado, a Presidente do Parlamento cipriota, Anita Demetroiu, lembrou a Zelensky que a Turquia, o país que se apresenta como facilitador nas negociações entre a Rússia e a Ucrânia, é o Estado que ocupa militarmente 37% do território de Chipre desde 1974.

“Chipre sabe muito bem o que a invasão e a guerra significam. Chipre, tal como a Ucrânia, são vítimas de ocupação por um país vizinho mais forte”, disse Demetriou.

O maior partido da oposição, o comunista Akel, decidiu não comparecer à sessão em protesto por causa do vídeo apresentado por Zelensky quando se dirigiu ao Parlamento grego, em que deu a palavra a um membro do Azov, uma organização incorporada como regimento da guarda nacional ucraniana conotada com nacionalistas de extrema-direita.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.611 civis, incluindo 131 crianças, e feriu 2.227, entre os quais 191 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra também provocou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos, com as Nações Unidas a calcularem que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.