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A equipa até pode mudar o chip mas Darwin tem o chip do golo. E esse não muda (a crónica do Benfica-Belenenses SAD)

Este artigo tem mais de 2 anos

Depois da receção ao Liverpool e antes da visita a Anfield, Benfica voltou às vitórias e bateu o B-SAD na Luz (3-1). Darwin fez um hat-trick e mostrou que o único chip que não pode mudar é o do golo.

SL Benfica v Belenenses SAD - Liga Portugal Bwin
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O avançado uruguaio já tem mais golos do que Pote, melhor marcador da Liga na época passada, fez em 2020/21

Getty Images

O avançado uruguaio já tem mais golos do que Pote, melhor marcador da Liga na época passada, fez em 2020/21

Getty Images

É um dos obstáculos mais complexos para um treinador de uma grande equipa: voltar às competições internas depois de um jogo para as competições europeias. Ou, como tantas vezes é dito e repetido por técnicos e jogadores, mudar o chip. Os deslizes são habituais, os níveis de concentração flutuam, a motivação nunca é a mesma. E este sábado, talvez pela última vez na atual temporada, o Benfica era obrigado a fazer essa transição.

Depois da derrota na Luz com o Liverpool — que se seguiu a outra, na Pedreira e com o Sp. Braga –, os encarnados recebiam o Belenenses SAD antes de viajar até Anfield para fechar a eliminatória e também na antecâmara da visita a Alvalade para defrontar o Sporting, já no próximo fim de semana. Na bagagem, traziam a certeza da boa imagem deixada contra os ingleses, entre o golo marcado e a segunda parte bem conseguida, mas também a memória de duas derrotas consecutivas e de um adeus teórico ao segundo lugar e ao apuramento direto para a Liga dos Campeões.

Ficha de jogo

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Benfica-Belenenses SAD, 3-1

29.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Gustavo Correia (AF Porto)

Benfica: Vlachodimos, André Almeida, Otamendi (Tomás Araújo, 86′), Morato, Lázaro, Diogo Gonçalves (Paulo Bernardo, 86′), Meïté, João Mário, Taarabt (Rafa, 63′), Everton (Gonçalo Ramos, 63′), Darwin (Yaremchuk, 72′)

Suplentes não utilizados: Helton Leite, Gilberto, Seferovic, Gil Dias

Treinador: Nélson Veríssimo

Belenenses SAD: Luiz Felipe, Carraça, Yohan Tavares, Cafú Phete, Diogo Calila (Nilton Varela, 45′), Sithole (Danny, 65′), Braima Sambú (Sandro, 74′), Rafael Camacho, Afonso Sousa (Pedro Nuno, 80′), Baraye, Safira (Licá, 65′)

Suplentes não utilizados: João Monteiro, Chima, Camará, Tomás Castro

Treinador: Franclim Carvalho

Golos: Afonso Sousa (3′), Darwin (22′, 54′ e 58′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Diogo Calila (33′), a Sithole (45+2′), a Rafael Camacho (48′), a Yohan Tavares (69′), a Licá (85′), a Lázaro (88′)

“Temos de ter a capacidade de nos adaptarmos. Sabemos que os jogos da Liga dos Campeões têm uma exigência diferente na preparação mental. O próprio jogo tem nuances que obrigam a que os jogadores tenham de dar uma resposta diferente ao nível de concentração, exigência técnica e tática. Temos de ter a capacidade de conseguir mudar o chip. É por aí que se vê a qualidade dos jogadores, da equipa e dos treinadores. Temos de saber adaptar-nos às circunstâncias do jogo, a contexto e à equipa que vamos defrontar. Independentemente de jogador com o Belenenses SAD ou com o Liverpool, o objetivo passa sempre por ganhar e fazer uma exibição condizente com o historial do clube. É nisso que trabalhamos diariamente”, disse Nélson Veríssimo na antevisão da receção à equipa lisboeta.

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Ora, desta feita, a mudança de chip e a ideia de que a próxima semana inclui visitas a Anfield e a Alvalade levava o treinador do Benfica a fazer alterações estruturais no onze e até na convocatória — deixando Grimaldo e Weigl, dois dos elementos mais utilizados dos encarnados, de fora da ficha de jogo. Lázaro era titular na esquerda da defesa, Meïté rendia o alemão no meio-campo e Morato aparecia no eixo defensivo ao lado de Otamendi para substituir o castigado Vertonghen. André Almeida, João Mário e Diogo Gonçalves também eram aposta, com Taarabt e Everton a permanecerem no onze em conjunto com Darwin e Rafa e Gonçalo Ramos a ficarem no banco. Do outro lado, num conjunto que vinha de quatro jogos sem perder mas que dificilmente conseguirá escapar à despromoção à Segunda Liga, Franclim Carvalho colocava Safira como referência ofensiva e Afonso Sousa nas costas do brasileiro.

Na Luz, não foi preciso esperar mais do que três minutos para ver o primeiro golo: Rafael Camacho apareceu na esquerda da grande área, deixou Taarabt pregado ao chão com uma enorme finta e cruzou para Afonso Sousa, que ao segundo poste e sem qualquer oposição só preciso de encostar para abrir o marcador (3′). O Belenenses SAD nunca tinha marcado tão rápido esta temporada, o Benfica nunca tinha sofrido tão rápido esta temporada — e ficava claro que as profundas alterações feitas por Nélson Veríssimo teriam impacto essencialmente no setor defensivo e na forma como a equipa respondia às investidas adversárias.

A perder, naturalmente, o Benfica assumiu a posse de bola e subiu as linhas, encostando o Belenenses SAD ao último terço e desdobrando-se em transições. Darwin teve a primeira oportunidade para empatar, com um cabeceamento por cima (6′), Diogo Gonçalves rematou mas também falhou o alvo (8′) e os encarnados não conseguiam capitalizar e materializar o claro ascendente que entretanto tinham conquistado. Totalmente balançada para a frente, a equipa de Veríssimo deixava muito espaço nas costas da defesa e tremia sempre que o conjunto de Franclim Carvalho arriscava um contra-ataque ou uma saída mais rápida, com André Almeida e Lázaro a terem muitas dificuldades para travar Baraye e Rafael Camacho.

Otamendi também ficou perto do empate com um pontapé com muita força que passou por cima (22′) e ficava principalmente a ideia de que, mais do que a criar e a construir com criatividade e originalidade, o Benfica estava a ter perigo porque aproveitava os recorrentes erros do adversário. O Belenenses SAD perdia inúmeras bolas na saída a jogar, entre passes errados e movimentações falhadas, e os encarnados acabaram por conseguir conduzir um desses momentos para chegar ao golo. Taarabt recuperou uma bola em zona adiantada na direita, encontrou Darwin na grande área e o uruguaio, depois de se antecipar a um adversário, atirou para bater Luiz Felipe (22′).

Depois de chegar ao golo, o Benfica desacelerou e deixou de pressionar tão alto — de forma surpreendente e até inexplicável, já que se esperava que os encarnados fossem rapidamente à procura de chegar à vantagem. Everton ainda acertou no poste de fora de área (36′), Safira deixou claro que os visitantes não iriam abdicar do jogo com um pontapé à meia volta que passou por cima (40′) e o Benfica chegou ao intervalo empatado com o Belenenses SAD na Luz. Mais: o Benfica chegou ao intervalo empatado com o Belenenses SAD na Luz, tinha muitas oportunidades, podia até já estar a ganhar mas ia realizando uma exibição cinzenta, pobre e sem ideias.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Benfica-Belenenses SAD:]

Franclim Carvalho mexeu ao intervalo e tirou Diogo Calila, que entretanto já tinha visto um cartão amarelo, para lançar Nilton Varela. O Benfica apresentou-se com mais personalidade, assumindo o jogo desde o início e instalando-se por completo no meio-campo adversário, e só o guarda-redes Luiz Felipe retardou a vantagem encarnada com defesas atentas a remates de Everton (50′) e Lázaro (51′). Sem que estivessem cumpridos 10 minutos do segundo tempo, porém, aconteceu o inevitável.

Taarabt apareceu à entrada da grande área, ensaiou o remate e surpreendeu a defesa do Belenenses SAD com um passe rasteiro que desmarcou Darwin e deixou o avançado solto para atirar à baliza e voltar a marcar (54′) — repetindo-se a parceria do primeiro golo, com assistência do marroquino e pontapé do uruguaio. Escassos quatro minutos depois, o Benfica acabou com a história do jogo: João Mário recuperou a bola na zona do meio-campo, progrediu pela faixa central e abriu na esquerda em Darwin, que rematou cruzado e carimbou o hat-trick para chegar ao 24.º golo no Campeonato (58′).

Depois do terceiro golo e também já depois de tanto Lázaro (61′) como Diogo Gonçalves (62′) ficarem muito perto de carimbar a goleada, Veríssimo tirou Everton e Taarabt e lançou Rafa e Gonçalo Ramos, substituindo Darwin por Yaremchuk pouco depois. Do outro lado, Franclim Carvalho voltou a mexer e trocou Sithole e Safira por Danny e Licá. Com a saída do médio marroquino, essencialmente, o Benfica deixou de ter tanta verticalidade e limitou-se a controlar as ocorrências com posse de bola até ao final, chegando raramente a situações de finalização e beneficiando do facto de o Belenenses SAD já não ter capacidade nem energia para tentar absolutamente nada.

Até ao fim, já pouco aconteceu. O Benfica voltou às vitórias depois de duas derrotas consecutivas e bateu o Belenenses SAD na Luz antes da deslocação a Anfield para defrontar o Liverpool na segunda mão dos quartos de final da Liga dos Campeões. Darwin fez o terceiro hat-trick desde que chegou aos encarnados, deu a volta ao marcador praticamente sozinho e provou que, mesmo quando a equipa muda o chip entre competições, o chip do golo nunca se altera.

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