Fazendo um reset a tudo o que aconteceu desde o início do ano, a chegada de Novak Djokovic a Monte Carlo foi quase como um salto entre o fabuloso 2021 em que ganhou três Grand Slams e igualou Rafael Nadal e Roger Federer (agora está a um do espanhol) e o arranque da época na terra batida em 2022. Porque houve espaço para alguns toques numa bola gigante de ténis com Neymar e Verratti, porque houve tempo para muitas fotos com Martin Garrix e várias modelos, porque houve a inaudita procura entre espaço e tempo de centenas de pessoas nos locais mais improváveis para tentarem seguir o último treino do sérvio.

O número 1 mundial, que deixou de ser número 1 mundial ao falhar o Open da Austrália mas voltou a ser o número 1 mundial no seguimento da derrota de Daniil Medvedev nas rondas iniciais de Indian Wells, sorria. Sorria uma vez, duas vezes, as vezes todas em que teve tudo menos razões para sorrir. No entanto, no início do torneio, acabou com tudo menos um sorriso – e logo no dia em que foi criticado de forma aberta por outro antigo número 1 mundial, Marcelo Ríos. Um jogo de Djokovic voltou a ter recorde, neste caso negativo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Voltando novamente à ideia do reset, tudo o que se passou nos últimos três meses foi apagado desde o primeiro serviço na estreia frente ao espanhol Alejandro Davidovich Fokina. Mais do que isso: até pela forma como ganhou o tie break do segundo set (7-5) após a derrota no primeiro parcial por 6-3, parecia não haver maneira de derrotar o sérvio, tal como se não tivesse existido todo este hiato de tempo. Mero engano. E com uma cadência anormal de erros atrás de erros, o número 1 mundial caiu na ronda inicial por 6-1.

“Tive um colapso completo. Não gostei nada de como me senti fisicamente no terceiro set e terei de discutir isso com a minha equipa. Já esperava que este encontro fosse muito duro fisicamente. Estava pronto para isso e aguentei-me bem nos dois primeiros sets mas no terceiro não. É desapontante. Espero reencontrar a minha forma e as melhores sensações a tempo de Roland Garros, que é o meu grande objetivo da temporada na terra batida. Parabéns ao Alejandro que foi melhor e mereceu vencer”, comentou no final Novak Djokovic, que desde 2018 não perdia um jogo após ter empatado a partida num segundo set e que pela primeira vez em toda a carreira viu o seu serviço quebrado em nove ocasiões em jogos a três sets.

Depois de toda a polémica por não estar vacinado que acabou por afastá-lo do Open da Austrália a menos de 24 horas da estreia, um problema que fez também com que não viajasse para os EUA e entrasse no Indian Wells ou no Miami Open, Djokovic fez assim apenas o segundo torneio de 2022, após ter caído nos quartos do Open do Dubai frente ao checo Jiri Vesely. Agora, o sérvio vai viajar de novo para a sua terra natal, onde irá disputar o Open de Belgrado, mais um teste em terra batida para Roland Garros naquele que será uma espécie de exame final a tudo o que se tem passado este ano frente a um favorito Rafa Nadal. E tudo aconteceu no dia em que Marcelo Ríos teve uma abordagem mais dura às atitudes do sérvio.

“É um estúpido, vai f**** a carreira e não vai ser o melhor da história por causa de uma vacina. Eu pensava como ele, mas tive de viajar e acabei por tomar. Não sei qual é a razão mas se queres ser o melhor da história e deitas tudo a perder por causa de umas vacinas, então és o rei da estupidez. Penso que ao princípio ele devia ter medo mas agora está a ser demasiado orgulhoso”, referiu o chileno em entrevista ao La Tercera.