A Cultura Portuguesa marca presença este ano na Feira Internacional do Livro em Bogotá (FILBo), através de iniciativas que contam com nomes como Afonso Cruz, André Tecedeiro, João Botelho, Rui Cardoso Martins e Valter Hugo Mãe.

A decorrer desde 19 de abril, até 2 de maio, a edição deste ano da FILBo, na Colômbia, que tem como país convidado a Coreia do Sul, é a primeira realizada presencialmente desde o confinamento imposto pela pandemia, anunciou a Cátedra Fernando Pessoa, em comunicado.

Por isso, o presidente executivo da Câmara Colombiana do Livro, Emiro Aristizábal, espera que esta seja uma celebração memorável da literatura, contando com “um programa concebido para um reencontro de diferentes perspetivas”.

Durante a tarde de quarta-feira decorreu a iniciativa “A marca de Pessoa no universo de Saramago”, com Carlos Reis e Jerónimo Pizarro, que vão falar sobre a genealogia literária de José Saramago, prestando especial atenção a Fernando Pessoa e à sua presença na obra do Prémio Nobel da Literatura Portuguesa.

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Também foi projetado o filme “O ano da morte de Ricardo Reis”, com a presença do realizador, João Botelho, e do produtor, Alexandre Oliveira.

A programação de sexta-feira começa com uma conversa com o escritor, ilustrador, realizador de filmes de animação e músico português Afonso Cruz, sobre “a versatilidade das artes num só homem”.

Afonso Cruz partilhará as suas experiências de vida transformadas em arte e falará do seu percurso pelo mundo artístico nos seus diferentes formatos.

Logo de seguida, terá lugar uma palestra ilustrada, em que Afonso Cruz conduz o público pelos lugares que povoam as suas histórias, desde o Portugal até Bali, passando por Berlim e Cartagena, para mostrar, através de ilustrações ao vivo o seu processo criativo e os temas que o deslumbram.

Este evento será repetido no sábado de manhã, seguindo-se uma apresentação do romance “o remorso de baltazar serapião” (Prémio Literário José Saramago), pelo autor, Valter Hugo Mãe, que estará à conversa com Renato Sandoval e Jerónimo Pizarro.

Afonso Cruz apresenta, por sua vez, o livro “Jalan, Jalan”, numa conversa com a jornalista de cultura Paola Guevara.

A fechar o dia, um encontro entre dois autores da literatura colombiana e brasileira, Piedad Bonnett e Tiago Ferro, que têm em comum a experiência da morte de um filho ou de uma filha, luto, evocação e dor, embora o expressem de forma muito diferente.

Os dois autores vão conversar com Jerónimo Pizarro, num encontro subordinado ao tema “A memória é o presente do passado: a dor da perda na literatura”.

O luto pela perda de um filho será o tema dominante nas palestras de domingo, começando com uma conversa intitulada “O centro cede”, entre Tiago Ferro e o escritor colombiano Álvaro Robledo, sobre os respetivos romances, “O pai da menina morta” e “Viejos pactos”, e as diferentes perspetivas e abordagens ao luto.

Segue-se um encontro para debater o tema “Narrar para Curar”, também com Tiago Ferro e com José Zuleta, que escreveu “Lo que no fue dicho”, como uma carta à sua mãe, que conheceu quando era adulto.

Nesta conversa, os autores refletem sobre o impulso que os levou a escrever: “A necessidade de catarse, o desejo de não esquecer ou, pelo contrário, de cauterizar a ferida para não olhar para trás? Será a literatura capaz de o fazer?”.

Na quinta-feira, dia 28, será apresentado o livro “Um bailarino na batalha”, por Felipe Cammaert e Juliana Muñoz Toro, e, à noite, haverá lugar para “Conversas sobre a versatilidade e constância do ato narrativo. Uma entrevista com o escritor Rui Cardoso Martins”.

Neste encontro, o público poderá falar com escritor, jornalista, argumentista e dramaturgo português, sobre as razões por detrás da sua escrita, os limites e considerações ao escolher um género literário e as vozes e histórias subjacentes que deram lugar ao desenho do seu universo narrativo.

Rui Cardoso Martins protagonizará também uma conversa com Jerónimo Pizarro e Miguel Manrique, na sexta-feira, sobre o seu livro “E seu eu gostasse muito de morrer”, e falará sobre o suicídio, particularmente nas zonas rurais, de uma perspetiva literária.

Nesse mesmo dia, o poeta português André Tecedeiro lê os seus poemas favoritos em português, e o colombiano Juan Manuel Roca lê-os depois em espanhol, num encontro bilingue, descrito pela organização como “um banquete textual”.

Sábado será dia da “grande celebração do português”, com a apresentação do “Livro do Desassossego”, de Fernando Pessoa, pelo editor Jerónimo Pizarro.

Ainda na mesma tarde, o escritor brasileiro Itamar Vieira Jr. falará com o escritor colombiano Esteban Duperly sobre o desenraizamento, comunidade e colonialismo, e Jerónimo Pizarro apresenta o livro “Pessoa múltipla”.

“A liberdade de ser quem se é: poesia e género” é o tema de que falarão a escritora Daniela Catrileo, que colocou a sua identidade como mulher Mapuche no centro do seu projeto literário, e André Tecedeiro, que conseguiu recentemente mudar de género, após uma luta para conseguir ser quem é.