Luís Filipe Vieira mudou de visual, tem mantido a distância em relação ao quotidiano do Benfica abrindo uma exceção antes da viagem para o Brasil após a vitória dos encarnados no dérbi (antes falara no dia das eleições do clube, em outubro) mas prepara-se para dar uma grande entrevista a 9 de maio para abordar todos os temas que o envolvem a si e ao clube. Agora, no âmbito do triunfo das águias na Youth League após três finais perdidas, o antigo presidente da formação da Luz voltou a abrir um parênteses nesse silêncio mas aproveitou para falar também de outros temas entre “farpas” aos atuais dirigentes.

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“Conseguir assistir ao jogo aqui no Brasil mas é importante dizer que isto foi um projeto que começou a 22 de setembro de 2006 quando foi inaugurado o centro de estágios e começava aqui uma nova era no Benfica. Sabemos que um jogador para ser concretizado demora dez anos, começámos com muito atraso mas hoje somos uma realidade na formação da Europa. Agora é preciso manter, que não se fale apenas na formação do Benfica nestas alturas mas no dia a dia. O futuro do Benfica passa pela formação e tem sido a formação a conseguir resultados fantásticos e a libertar o Benfica para uma posição privilegiada que hoje tem em termos patrimoniais”, começou por referir o ex-presidente à CMTV.

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“É uma vitória de todos os jogadores, treinadores e colaboradores que estão no Seixal mas gostaria de fazer uma homenagem a dois homens que por vezes os benfiquistas têm memória curta: o Mário Dias, que foi o construtor desse centro, e o Jaime Graça, que era o coordenador geral do futebol de formação. São dois homens que merecem estar ligados a este título e da minha parte dedico-lhes o título”, acrescentou.

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“Neste momento o Benfica tem uma situação privilegiada, pode manter a formação toda porque tem todo o seu património pago. Não é dizer que é formação nas palavras e depois ouvirmos dizer que com a formação não ganhamos nada. Ou apostam ou não apostam. Basta ver as gerações que estão espalhada pela Europa. Se for preciso vender alguém, que se vendam os outros. Até pela forma como está o mundo, vai ter de ser o futuro porque não se prevê grandes avalanches de dinheiro. Vender jogadores da formação? Tem outros jogadores que pode vender e vai ter de vender mesmo mas não os da formação”, defendeu, antes de deixar também uma “farpa” ao atual presidente do Benfica sobre o seu papel no centro de treinos.

Se quer que lhe diga com toda a honestidade, o mérito que existe da Youth League é dos treinadores e dos jogadores. Que eu saiba, a influência do Rui [Costa] no Seixal tem sido praticamente inexistente ao longo dos anos”, comentou Luís Filipe Vieira.

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“Se derem as oportunidades que necessitam e precisam, como o Bruno Lage deu, o Benfica tem meia dúzia de jogadores que podem entrar na equipa principal. A vitória na Youth League é importante para o futebol português, o FC Porto já tinha ganho também, o Sporting pode ganhar e tudo isso só enaltece a formação de Portugal na Europa. É por aí que temos de ir porque em termos financeiros somos muito débeis. Se tiverem de vender, que sejam os outros. Os jogadores da formação estão identificados com o clube e já mostraram a sua raça. Eu tinha de vender para liquidar o que tinha de liquidar, hoje o Benfica não tem necessidade disso até porque os ativos que deixei chegam e sobejam para qualquer questão que o Benfica possa ter”, voltou a salientar Luís Filipe Vieira, antes de abordar outros pontos da atualidade.

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“Empate com o Famalicão? Acho que não tenho de me pronunciar. Acho que nenhum adepto deve estar satisfeito este ano. Vou dar uma entrevista e depois volto ao mesmo sítio onde tenho estado, calado. Vou acompanhar o Benfica à distância porque tem de ser bem acompanhado. Treinador estrangeiro? Não me pronuncio, foi o presidente que escolheu, ele é que sabe. Há treinadores portugueses que serviriam perfeitamente e que compreendem melhor o futebol português”, concluiu.