O presidente do PSD deixou a reunião do grupo parlamentar depois de quase 2h30 e saiu “sem opinar” sobre as divergências internas causadas pela apresentação de dois projetos (revisão constitucional e da lei eleitoral) a pouco mais de um mês das eleições internas do partido. Mantendo o tabu, Rui Rio disse apenas que as questões internas “terem vindo cá para fora, já foi um erro”. Lá dentro, o debate motivou troca de argumentos entre deputados que lamentaram a falta de sentido de oportunidade e os que defenderam a pertinência das propostas.

Apesar da insistência dos jornalistas, o presidente do PSD manteve a posição até ao fim. “Tenho obviamente a minha opinião e a minha leitura sobre o que se passou aqui dentro [da reunião do grupo parlamentar], mas uma das regras que faço por cumprir, e cumpro, é que o que se passa dentro não deve vir para fora“, disse Rui Rio.

Em causa estão as divergências internas sobre o timing em que vai ser apresentado os projetos de revisão constitucional e da lei eleitoral propostos pelo PSD, avançadas pelo Observador esta terça-feira. Confrontado com as dúvidas levantadas por alguns deputados, o líder social-democrata decidiu não abrir o jogo quanto à decisão final, adiantando que não será tomada esta semana e que ainda tem de “falar com o travesseiro“.

Na reunião de quase 2h30, Miguel Santos, um dos deputados mais críticos sobre o timing de apresentação das propostas, acabou por repetir os reparos já feitos na troca de correspondência a que o Observador teve acesso, questionando o porquê de se estar a discutir matérias desta importância a um mês da escolha do próximo líder social-democrata — que ficaria politicamente condicionado pelos projetos que agora fossem aprovados.

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Outros deputados, como Alexandre Poço, João Moura ou Duarte Pacheco, por exemplo, também confrontaram Rui Rio com a estranheza do momento. Houve, no entanto, quem saísse em defesa de Rui Rio, como os deputados Sofia Matos, Afonso Oliveira ou Lina Lopes, que defenderam a pertinência da discussão e argumentaram que o PSD não poderia deixar de liderar esse debate político.

No final, ainda perante o grupo parlamentar, o ainda líder do PSD condenou as fugas de informação, garantiu que jamais lhe passaria pela cabeça fazer alguma coisa nas costas dos candidatos à sucessão, explicou que o seu o único objetivo era cumprir o seu programa político — explicando que lhe tinham faltado oportunidades para o fazer antes — e garantiu que, mesmo que decidisse avançar, ouviria sempre Jorge Moreira da Silva e Luís Montenegro.

De resto, terá sido essa a sugestão deixada também por Paulo Mota Pinto: os dois candidatos serão ouvidos sobre a matéria e se algum deles se opuser aos diplomas em causa, então o processo será atirado para as calendas.

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