O primeiro-ministro afirmou nesta quinta-feira que vai conhecer em breve os resultados de um estudo encomendado por Portugal à Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre o impacto da transição energética na indústria automóvel nacional.

A questão dos riscos de ruturas sociais foi um dos temas centrais do longo discurso que António Costa proferiu no encerramento do 31.º Congresso da Associação Portuguesa para a o Desenvolvimento das Comunicações (APDP), que se realizou no auditório da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa.

O maior risco que as sociedades democráticas têm hoje de enfrentar são as transições digital e climáticas, transições que são inadiáveis. Basta ter presente o que aconteceu em França para perceber estas dificuldades”, declarou o líder do executivo.

De acordo com o primeiro-ministro, “o impacto na indústria automóvel com o efeito duplo das transições energética e digital é algo difícil neste momento de antecipar, mas que tem de se devidamente antecipado”.

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“Por isso, o Estado Português solicitou à OIT um estudo específico sobre o impacto das transições digital e energética na indústria automóvel. É um estudo que sei que está em vias de conclusão e que é importante seguir. É fundamental garantir a coesão social nesta transição“, acentuou o primeiro-ministro, tendo a ouvi-lo o presidente do deste congresso da APDC, o antigo ministro e líder do CDS-PP Paulo Portas.

António Costa frisou que ao tema do pilar social da União Europeia, perante os desafios das alterações climáticas e da transição digital, foi o tema central da presidência portuguesa no ano passado.

Na capacitação, de acordo com o líder digital, Portugal tem a vantagem de ser um dos países da União Europeia com o maior número de engenheiros por cem habitantes, apenas ultrapassado pela Alemanha e Áustria.

“A academia digital irá formar 800 trabalhadores nos próximos quatro anos, tendo em vista readaptá-los, requalificá-los para as novas tarefas digitais”, apontou, antes de se referir ao capítulo das infraestruturas.

“A meta mais exigente é que, até ao final de 2023, 75% das populações das freguesias de baixa densidade e das regiões autónomas estejam cobertas pela rede 5G. Este desafio é decisivo para a coesão territorial e para gerar novas oportunidades de emprego”, defendeu.

Na sua intervenção, que teve 33 minutos, ainda no que respeita a infraestruturas, António Costa assinalou a importância da ligação por cabo submarino entre o continente e as regiões autónomas da Madeira e dos Açores.

“É um investimento que tem de ser lançado este ano, porque temos um anel em fim de vida e que tem de ser complementado com um anel que também assegure as ligações entre as diferentes ilhas dos Açores”, observou.

Para o primeiro-ministro, no entanto, Portugal tem pela frente “uma importante oportunidade”, já que dispõe de recursos financeiros da União Europeia.

“Só no Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) há um total de 2,76 mil milhões de euros alocados exclusivamente à transição digital. É uma oportunidade para se proceder a uma reengenharia de procedimentos na administração pública, mas é também uma oportunidade para as empresas. No programa destinado a empresas – o 4.0 – há mais de 600 milhões de euros alocados no PRR”, especificou.

Segundo António Costa, entre abril e maio, “estão ou vão estar abertos quatro concursos todos dirigidos ao setor privado”.

“Desde que Portugal se integrou na União Europeia, habituámo-nos a ser vistos como periferia como referência a um centro económica o da Alemanha. Isso penalizou-nos em muitas áreas industriais. Mas a transição digital reconfigura a geografia. A geografia do digital coloca-nos no centro”, sustentou.

Através do mar, completou o primeiro-ministro, “Portugal é o ponto de amarração natural de uma rede intensa de cabos de nova geração”.

“Uma vez mais, Portugal coloca-se como interface entre a Europa e o resto do mundo”, acrescentou.