A era dos comboios a vapor parece ter chegado ao fim com o encerramento na China da última locomotiva deste género no mundo.

A notícia já era esperada. Os planos para o encerramento daquela que é a última linha comercial a vapor já tinham sido divulgados em 2018 e agora os três últimos comboios – que transportavam carvão desde a mina de Sandaoling, no sudoeste da Mongólia – foram desativados, avança o El Confidencial.

A ferrovia de Sandaoling começou a operar em 1958 para transportar carvão das minas espalhadas nessa região. Percorria cerca de 10 quilómetros das diversas explorações até ao centro de distribuição onde vários comboios partiam para levar o minério por todo o país.

A linha utilizava uma frota de cerca de nove locomotivas 2-8-2 da classe JS, de 2.270 cavalos, que foram projetadas e construídas na China para transportar cargas pesadas.

A organização responsável pela linha já estava há algum tempo a desfazer-se dos comboios, que usava como fontes de peças para substituir as máquinas que ainda estavam operacionais.

No dia 25 de abril foram retiradas da linha as três últimas locomotivas que, de acordo com o El Confidencial, vão manter-se operacionais durante mais algum tempo para trabalhos pontuais até que terminem os seus dias num museu.

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O surgimento da locomotiva a vapor foi um passo importante para o desenvolvimento da civilização humana e a sua evolução, ao longos dos séculos XVI e XX, significou um salto sem precedentes na história. A distância que separava cidades e países desvaneceu-se e viagens que outrora demoravam meses passaram a ser feitas numa questão de dias e horas.

Atualmente a China é o país com a mais moderna e mais rápida rede ferroviária de alta velocidade, com 37.900 quilómetros que percorrem todo o país, explica a CNN. Mas nem sempre foi assim. As linhas de comboios lentos e muitas vezes desconfortáveis eram um verdadeiro teste à resistência em viagem como de Xangai a Beijing.

Em 2020, 75% das cidades chinesas com 500.000 ou mais cidadãos tinham uma ferrovia de alta velocidade. Nem a Espanha, que ocupa o segundo lugar da classificação – com pouco mais de 2000 milhas, cerca de 3000 quilómetros – se compara ao desenvolvimento da China.

A rede ferroviária é um símbolo do rápido desenvolvimento e do poder económico do país, que ambiciona tornar o comboio de alta velocidade no transporte escolhido para as viagens domésticas de longas distâncias.

“A construção destas novas ferrovias faz parte do grande plano de Xi Jinping (Presidente chinês) para integrar o vasto mercado nacional (…) e pretende ser um reflexo da filosofia de desenvolvimento do país”, explica à CNN Olivia Cheung, investigadora do China Institute of the University of London’s School of Oriental and African Studies (SOAS).

Até 2035, a China deverá ser reforçada a ferrovia e atingir o marco dos 70.000 quilómetros.