A Mata Atlântica, bioma localizado no litoral e parte do interior do Brasil, um dos mais devastados do país, sofreu um aumento de 66% de ações de desflorestação no ano passado, referiu a organização não-governamental SOS Mata Atlântica.

A Mata Atlântica perdeu cerca de 21.600 hectares entre novembro de 2020 e outubro de 2021, o equivalente a mais de 20.000 campos de futebol, segundo a organização não-governamental (ONG) que há décadas atua em defesa da preservação desta floresta tropical brasileira.

A ONG, que se baseia em imagens de satélite fornecidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), alerta que esse bioma, que se estende por mais de 100.000 quilómetros quadrados ao longo da costa atlântica do Brasil, está em “alto risco”.

A área desflorestada aumentou 66% face aos 12 meses anteriores e essa desflorestação libertou 10,3 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, segundo a SOS Mata Atlântica.

“Não esperávamos uma progressão tão forte, achávamos que a Mata Atlântica estava um pouco mais preservada da explosão do desflorestamento [do que outros biomas do Brasil] devido ao maior número de controlos”, explicou Luis Guedes Pinto, chefe da SOS Mata Atlântica.

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Isso mostra que o bioma também sofre com o desmonte da política e da legislação de proteção ambiental”, acrescentou Guedes Pinto.

Atualmente, a Mata Atlântica retém apenas 12% de sua superfície original, devido à urbanização do litoral brasileiro, à especulação imobiliária ao redor das grandes cidades e à extensão da agricultura.

Alguns estados como Rio de Janeiro ou São Paulo estão liderando iniciativas de reflorestação, mas 15 dos 17 estados que hospedam este bioma viram um aumento na desflorestação no ano passado.

“Se a destruição continuar, a água começará a acabar, assim como alimentos e energia elétrica”, alertou Pinto, referindo-se ao desaparecimento de vários ecossistemas.

Além disso, “é um desastre não só para o Brasil, mas para o mundo inteiro”, pois segundo diversos estudos “a Mata Atlântica é um dos biomas que devem ser restaurados com maior urgência, se quisermos atingir a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC, conforme prescrito nos Acordos Climáticos de Paris.