Depois de vários dias a ser criticada pela situação crítica no SNS, a ministra da Saúde, Marta Temido, ouve agora, pela primeira vez, um pedido de demissão dentro do próprio partido.

No programa Contrapoder, da CNN, que será emitido na íntegra no sábado, o deputado socialista Sérgio Sousa Pinto é claro: “Acho que o país já não tem confiança na atual titular da Saúde. Já não se acredita que ela possa vir a ser, depois de tudo aquilo que vivemos, protagonista de qualquer esforço reformista”.

No teaser que o canal já publicou no seu site, é possível ouvir um excerto das declarações de Sousa Pinto, em que o deputado defende que o SNS “tem de ser reformado”. “Somos todos aqui, julgo eu, defensores do SNS, que é um ativo fundamental do país”.

Só que Marta Temido, na visão do deputado, já não terá condições para concretizar essas reformas. Questionado sobre se a ministra da Saúde deverá então tomar a iniciativa e demitir-se ou antes ser demitida pelo primeiro-ministro, Sousa Pinto ironiza: “Para manter as coisas como até aqui, a ministra pode permanecer…”.

É uma crítica rara vinda do próprio partido — e é, de resto, frequente que a oposição nem sequer se atravesse a defender demissões de membros do Governo e argumente que esse tipo de decisões pertence ao primeiro-ministro, ou que não se resolvem com uma mudança de protagonistas.

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Mas Temido, que esteve a prestar contas esta manhã no Parlamento, tem estado debaixo de críticas de toda a oposição (e agora de um deputado do PS) graças às notícias que se sucedem de falhas no SNS, sobretudo por falta de recursos humanos. A situação começou a agudizar-se na semana passada, com a notícia da morte de um bebé durante o parto, no hospital das Caldas da Rainha, que tinha as urgências de obstetrícia fechadas por não ter conseguido completar essas escalas.

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Entretanto, sucederam-se notícias de outras urgências de obstetrícia que estão a passar pelo mesmo problema, assim como de falhas semelhantes noutras especialidades, um pouco por todo o país. Na quarta-feira, a ministra veio anunciar dois planos — um de curto e outro de médio prazo — para resolver a situação, mas tanto oposição como sindicatos e ordens profissionais já vieram duvidar da eficácia das medidas que propôs.