A Colt, operadora de telecomunicações apostada na detenção de infraestruturas de muito alta velocidade para o mercado empresarial que está há 20 anos em Portugal, está a estudar uma quarta ligação de Portugal a Espanha através de uma rede de alto débito. Segundo revelou Carlos Jesus, diretor-geral da Colt Portugal num encontro com a imprensa, está em estudo uma nova ligação a Madrid, garantindo que a decisão poderá ser tomada dentro de dois meses.

A Colt, diz o responsável, identificou as ligações na Península Ibérica como estratégicas e “com potencial de crescimento”. Se tomada a decisão dentro de dois meses, a instalação do novo cabo poderá demorar entre 12 e 24 meses, mas a necessidade para essa capacidade não é imediata, até porque com o desenvolvimento tecnológico da Ciena implemetado na ligação Lisboa/Madrid a Colt conseguiu duplicar a capacidade de transmissão de dados, o que permite comunicações a 100 Gbps (500 vezes mais que a velocidade comum oferecida). Assim, sem necessidade de capacidade atualmente, equacionar a nova ligação trata-se, assume a empresa, de acautelar o futuro. Até a pensar que Portugal é local de amarração de cabos submarinos de ligação entre os dois lados do Atlântico.

A empresa garante não estar interessada em entrar no capital das empresas que exploram esses cabos submarinos e assume que não é candidata ao concurso do cabo de submarino de ligação às ilhas portugueses que está previsto ser lançado, mas cujo concurso está atrasado face à intenção inicial do Governo.

Governo diz estarem reunidas condições para iniciar substituição de cabos submarinos

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Não tendo interesse nos cabos submarinos, a sua importância para o país é realçada por Carlos Jesus. “Portugal tem uma posição única no contexto do desenvolvimento das comunicações a nível mundial, já que beneficia de uma posição geográfica estratégico com os seus cinco centros de amarração — Sines, Sesimbra,  Seixal, Lisboa e Carcavelos — de cabos submarinos que ligam a Europa a África e às Américas”.

A Colt, que já investiu ao longo dos 20 anos em Portugal 50 milhões de euros em rede, tem duas redes de área metropolitana (Lisboa e Porto) com 830 quilómetros de fibra ótica e 1.700 quilómetros de rede de longa distância, ligando mais de 777 edifícios, 12 centros de dados e oito parques industriais (Lisboa, Porto, Oeiras, Sintra, Vila Nova de Gaia e Maia).

A empresa também tem em Portugal três centros de competência. O primeiro, inaugurado em 2016, foi criado para dar apoio às redes de telecomunicações de banda larga dos seus clientes. Em 2018, expandiu-se com um centro de apoio a outras geografias, prestando serviços em inglês, alemão, francês, italiano e espanhol. Mais recentemente abriu o terceiro centro para o desenvolvimento de software de produtos digitais da Colt.

Atualmente com 115 pessoas, a Colt pretende chegar ao final do ano com 140, embora admita dificuldades nas contratações. As pessoas são o outro investimento que a empresa contabiliza noutros 50 milhões de euros em 20 anos. O que totaliza um investimento global de 100 milhões em 20 anos.