Era um dos duelos mais esperados do dia, era um duelo que podia cair para qualquer um dos lados. Pela lógica, Stefanos Tsitsipas era o favorito. Pelo ranking que ocupa, pela recente vitória em relva conseguida em Maiorca, pela vontade de melhorar o melhor registo em Wimbledon que estava nos oitavos. Contudo, Nick Kyrgios também tinha as suas armas. A vantagem nos duelos anteriores antes deste cruzamento no Grand Slam londrino (3-1), a motivação que a vitória a abrir em cinco sets frente a Paul Jubb deu. No final, o australiano acabou mesmo por levar a melhor sobre o grego mas o jogo teve muito mais história.

Wimbledon: Tsitsipas perde com Kyrgios e falha oitavos de final

“Não gostei de certo tipo de coisas que se passaram, comportamentos que se repetem. É um bullying constante, é isso que ele faz, faz um bullying constante com os adversários. Ele devia ser um bully na escola. Não gosto de bullies. Não gosto de pessoas que rebaixam os outros. Tem coisas boas no seu carácter também, mas tem também um lado muito mau que, se for exposto, pode fazer muito mal a quem está perto dele. Da minha parte, quando sinto que me faltam ao respeito, é perfeitamente normal fazer algo sobre isso”, comentou Tsitsipas depois da derrota por 6-7 (2), 6-4, 6-3 e 7-6 (7).

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“Bola para a bancada? Acertei na parede, graças a Deus. É um comportamento que assumo e pelo qual sou responsável. Espero não voltar a repetir nada assim”, acrescentou ainda o helénico sobre o jogo.

E houve um pouco de tudo, naquele que foi considerado por muitos como um dos melhores encontros da edição deste ano. Tsitsipas, que é habitualmente um jogador calmo e sem grandes reações no court, teve vários momentos onde manifestou a sua irritação perante aquilo que considerava ser um comportamento provocatório de Nick Kyrgios. Entre elas, atirou por duas vezes a bola para as bancadas com o australiano a pedir a desqualificação do adversário, enviou a bola em frente em mais um dos serviços por baixo e ainda tentou acertar no adversário com a bola em dois momentos em que fechava o ponto na rede.

“És estúpido? Como é que ele pode atirar uma bola para as bancadas, acertar em alguém e depois não ser desclassificado? Tem de sair daqui alguém ferido para desqualificares? Se tivesse sido eu, meu Deus…”, protestou Kyrgios com o árbitro de cadeira Damien Dumusois. “Estou só super feliz de ter ganho. Vi que ele estava a ficar frustrado mas este é um desporto frustrante. É muito frustrante. Tenho muito respeito por ele. Aconteça o que acontecer em court, adoro-o, sou próximo dos irmãos dele”, comentou após a partida. “Não sei como é que posso ter feito bullying a alguém na terceira ronda de Wimbledon. Estava só a jogar ténis. Além das conversas com o árbitro, não fiz nada de desrespeitoso para com ele. No meu dia a dia, se virem com quem compito num campo de basquetebol, esses rapazes são duros. Os adversários que tenho defrontado aqui em Wimbledon não são. Ele [Tsitsipas] é tão mole, não somos farinha do mesmo saco”, referiu depois na conferência, já confrontado com as palavras dirigidas por Tsitsipas.

De recordar que, logo no primeiro jogo em Wimbledon, o australiano tinha estado envolvido numa polémica que lhe valeu (mais) uma multa. “Houve muita falta de respeito por parte do público. Não podemos normalizá-lo, porque isto não é normal. Eu não fiz absolutamente nada de mal até terem um comportamento errado para comigo. Sim, cuspi na direção de um espectador que especificamente me faltou ao respeito. Jamais o faria na direção de alguém que me estivesse a apoiar. Houve alguém que gritou que eu era uma m****”, referiu após a vitória em cinco sets frente ao britânico Jubb na ronda inicial.